Liberdade para gastar
30/10/2009
Que ninguém se surpreenda se a governadora Yeda Crusius pedir
autorização à Assembleia Legislativa para mudar o destino dos recursos
da venda de ações do Banrisul que estão no Fundo de Equilíbrio
Previdenciário, que hoje soma cerca de R$ 1 bilhão. Por enquanto, é só
uma ideia em discussão no governo. Nenhum secretário confirma, mas
deputados da base aliada já conversam abertamente com colegas sobre
essa possibilidade.
A justificativa é uma pérola da lógica
política: se as pesquisas dizem que a governadora Yeda Crusius não tem
chance de se reeleger, por que deixar o dinheiro para um adversário
gastar? Uma das propostas em discussão nos bastidores é usar os
recursos para pagar precatórios, uma causa simpática para a opinião
pública. A outra é empregar no pagamento de parte do 13º salário para
não ter de recorrer ao caixa único ou aos depósitos judiciais, se a
arrecadação não se recuperar a ponto de garantir a quitação do
benefício com recursos do Tesouro.
Hoje, o dinheiro é usado para
ajudar no pagamento das despesas com a previdência de servidores. Já
foram sacadas 27 parcelas das 84 previstas na lei que criou o fundo
logo depois da bem-sucedida operação de venda de ações do Banrisul.
À
época, o então secretário da Fazenda, Aod Cunha, dizia que os fundos
até poderiam ser criados sem necessidade de lei, mas que fazia questão
de “algemar” o dinheiro para evitar a tentação de gastá-lo no pagamento
de despesas ordinárias.
Além desse fundo, que ficou com 90% do
que coube ao Estado na venda das ações do Banrisul, foi criado outro, o
Fundo de Garantia da Previdência Pública Estadual (FG-Prev). Trata-se
de uma reserva financeira para cobrir as contribuições do governo para
as futuras aposentadorias do sistema de previdência complementar. Esse
fundo foi capitalizado com 10% do produto líquido da venda das ações e
vem sendo acrescido pelo resultado dos respectivos rendimentos
financeiros.
(Fonte: Rosane de Oliveira - Zero Hora)
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