Justiça manda Assembleia pagar 41 supersalários
28/10/2009
Presidente do Legislativo vai recorrer ao STF contra decisão que restitui ganhos acima de R$ 22,1 milUma decisão do Tribunal de Justiça do Estado (TJ)
colocou em risco uma economia anual de R$ 2,2 milhões da Assembleia
Legislativa. O Órgão Especial da Corte mandou o Legislativo voltar a
pagar os supersalários cortados desde maio.
Com isso, 41
servidores – 12 ativos e 29 inativos – passam a receber novamente,
todos os meses, vencimentos que ultrapassam o teto estadual de R$
22.111,25 (veja quadro ao lado).
Com a economia anual que seria
feita pela Assembleia, seria possível investir na construção de 10
unidades básicas de saúde. Autor da proposta de corte das remunerações,
o presidente da Assembleia, Ivar Pavan (PT), foi surpreendido com a
medida. O parlamentar questiona os critérios usados pelos 25
desembargadores que tomaram a decisão:
– Meu entendimento é diferente. O que está acima do teto é privilégio, e não direito.
O tribunal atendeu a um pedido feito pelo Sindicato dos Funcionários Efetivos e Estáveis da Assembleia. Numa
ação direta de inconstitucionalidade, a entidade
alegou que a Constituição proíbe a redução salarial, o que tornaria a resolução da mesa diretora do Legislativo nula.
Ao
analisar o pedido, em sessão no dia 19, os desembargadores reconheceram
o princípio do direito adquirido. A decisão também determina que os
supersalários devem permanecer congelados até que o teto, a ser
reajustado no futuro, alcance aos mesmos patamares.
– Nossa
motivação não é o valor dos salários, mas o direito adquirido. Essas
pessoas ganham esses vencimentos com base em leis – diz o presidente do
sindicato, Flávio Dall’Agnol.
A questão é controversa porque,
apesar da irredutibilidade de vencimentos, uma emenda constitucional
fixa um limite para a remuneração no serviço público. Pavan afirma que
a Assembleia vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), caminho já
trilhado com sucesso pelo Palácio Piratini. Depois de cortar 151
supersalários no Executivo em 2007 e ver a medida ser revertida no TJ,
o governo Yeda Crusius apelou ao STF.
O presidente da Corte, ministro Gilmar Mendes,
determinou a suspensão de segurança das ações, favorecendo a aplicação
do teto até o julgamento final da questão. Autor da proposta de corte
dos supersalários, o secretário do Planejamento, Mateus Bandeiras,
defende a medida:
–
O corte é uma medida de austeridade, uma obrigação do gestor público. O
teto se sobrepõe ao princípio da irredutibilidade de vencimentos.
A linha da tesoura | NO EXECUTIVO | Em
2007, o governo Yeda Crusius iniciou a redução de salários acima do
teto de R$ 22.111,25, atingindo 151 servidores. O corte representa uma
economia de R$ 4,9 milhões ao ano. Servidores aposentados e ativos
entraram na Justiça contra a medida. O governo estadual argumenta que a
aplicação do teto se sobrepõe à regra da Constituição Federal que
considera salários irredutíveis. | NA ASSEMBLEIA | Os
salários de funcionários do Legislativo que ganham acima do teto
estadual de R$ 22.111,25 estavam congelados desde dezembro de 2007, por
uma resolução da Mesa. Em maio deste ano, uma nova resolução definiu
que quem ganha acima do teto teria o salário cortado. A medida atingiu
41 servidores – 12 ativos e 29 inativos. | OUTROS PODERES | Tribunal
de Justiça, Ministério Público Estadual e Tribunal de Contas optaram
por congelar os 123 salários acima de R$ 24,5 mil – teto nacional da
magistratura. Dessa forma, os servidores que ganham acima do limite não
podem receber aumento salarial e outras vantagens. |
(Fonte: Zero Hora)
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