Ameaça ao déficit zero
27/10/2009
Mesmo que o governo tenha de recorrer ao caixa único para pagar o
13º salário do funcionalismo, nem de longe a situação se compara ao
desespero que começava a tomar conta dos secretários da Fazenda, por
esta época, nos últimos anos. A exceção foi 2008, quando o governo
anunciou o déficit zero e pagou o 13º sem precisar recorrer a
empréstimo do Banrisul, antecipação do ICMS ou socorro do governo
federal, como ocorrera nos anos anteriores.
A palavra do
secretário Ricardo Englert é tranquilizadora para os funcionários
públicos, mas a perspectiva de recorrer ao caixa único abala o discurso
do déficit zero. Porque não se pode chamar de “poupança”, como Englert
chamou, o dinheiro que está no caixa único. Ele tem outras finalidades.
A verdade é que, por conta da crise global que reduziu a arrecadação de
impostos, o governo está gastando mais do que arrecada. A palavra
déficit, que se esperava congelada no vocabulário, reapareceu. Só em
outubro, as despesas superaram a receita em R$ 110 milhões.
Englert
tem razão quando diz que o déficit ocorreu porque a governadora Yeda
Crusius está pagando contas atrasadas, que herdou de seus antecessores,
como precatórios, débitos das leis Britto e dívidas com fornecedores.
Para efeito de marketing, no entanto, a expressão “déficit zero” perdeu
substância.
A grande desvantagem do empréstimo do Banrisul,
usado nos quatro anos do governo Germano Rigotto e no primeiro de Yeda
Crusius, é o custo. Mesmo sendo um dinheiro barato, o governo era
obrigado a passar seis meses, de maio a outubro, pagando a conta do
empréstimo, com os devidos encargos financeiros. O funcionário não
tinha prejuízo, porque o dinheiro do 13º entrava em sua conta na data
prevista, mas o contribuinte pagava a conta dos juros.
(Fonte: Rosane de Oliveira - Zero Hora)
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