A minuta de um novo decreto para regulamentar e
efetivar a Lei estadual nº 12.745/2007, que dispõe sobre a
comercialização de peças e acessórios automotivos oriundos de veículo
sinistrado ou adquirido com o fim de desmanche, voltou ao debate nesta
quinta-feira (22) na Comissão de Serviços Públicos. No final da
audiência pública, coordenada pelo deputado Adão Villaverde (PT), foi
criado um grupo de trabalho para avaliar os últimos acertos técnicos do
novo decreto, que está sendo elaborado por representantes da Casa Civil
e Detran e deverá estar concluído nos próximos dias. O GT também deverá
começar a construir sugestões e modificações à legislação federal para
minimizar o avanço do roubo e desmanche de veículos. O grupo será
formado por representantes do Fórum de Justiça e Segurança da Região
Noroeste da Capital, Instituto Nacional de Repressão à Fraude (INARF) e
entidades ligadas à segurança pública.
Na avaliação de
Villaverde (PT) a discussão reforçou os encaminhamentos da primeira
audiência sobre o tema realizada na Comissão de Economia. “Observamos
que pudemos dar maior celeridade ao processo de elaboração do novo
decreto que cria condições para de fato implementar a Lei dos
Desmanches”, disse. Além disso, a audiência de hoje levantou questões
que precisam ser levadas ao Congresso Nacional. “Foi sugerido, por
exemplo, a criação de uma legislação que obrigue as montadoras a
aumentar o número de peças identificadas nos veículos”, exemplificou
Villaverde.
Para o deputado Alceu Moreira (PMDB), as
alterações no Código Penal devem ser igualmente levadas como sugestão
ao Congresso Nacional. “É preciso que os códigos civil e penal possam
efetivamente contribuir para o fim da impunidade”, afirmou. Na opinião
do proponente do debate, deputado Raul Pont (PT), as alterações na
legislação contribuirão para diminuir o furto e desmanche de veículos.
“O problema é a impunidade e a dificuldade de manter o infrator
preso”, observou Pont.
Debate
A diretora de
Inteligência do INARF, Andréia Gobbi, citou algumas falhas na
legislação e seus devidos ajustes que deverão estar contemplados no
novo decreto. Ficou acordado, por exemplo, que o gerenciamento do
Sistema Estadual de Controle de Desmanches e Revenda de Peças Usadas
(Secoderpu) será de responsabilidade específica do Detran/RS. “Esse era
um ponto que emperrava a legislação”, observou. Ela reconhece que no
geral o processo teve um grande avanço.
O delegado de Repressão e Roubos de Veículos,
Eleomar Franco, salientou dois pontos positivos do novo decreto. O
primeiro, segundo ele, é o grande número de requisitos que o indivíduo
deverá apresentar ao Detran para poder abrir uma loja de venda de peças
de usadas. “Essas exigências vão diminuir a proliferação desses
estabelecimentos irregulares”, acredita. Ele destacou ainda que a
partir do novo decreto as peças roubadas serão destruídas e não mais
leiloadas. “ Isso faz com que o material não retorne ao comércio”,
comentou.
O coronel Marco Antônio dos Santos, representante
da Secretaria Estadual de Segurança Pública, confirmou que a minuta do
decreto deverá ser concluída nos próximos dias. Entre as propostas
sugeridas que poderão ser incluídas no novo documento, Santos também
mencionou o sistema eletrônico de peças. “Isso é possível de ser
implementado”, acredita. Para ele, as alterações previstas servirão
como uma ferramenta importante para combater o roubo e o desmanche de
veículos.
Também participaram da audiência pública
representantes do Fórum de Justiça e Segurança da Região Noroeste da
Capital e de outras entidades ligadas ao tema.