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Solução nos depósitos, transtornos na carteira

23/10/2009
O“novo Detran”, como foi batizado ontem pela governadora Yeda Crusius ao apresentar mudanças no plano de carreira dos servidores, traz novidades para candidatos a motorista, condutores já habilitados e seus veículos.

O tempo para fazer os exames de habilitação aumentou de 48 horas para cerca de um mês após o fim do contrato com a Fundae, e o Departamento Estadual de Trânsito pretende levar para todo o Estado o processo de trituração de carcaças metálicas iniciado ontem na Capital. Até 30 mil automóveis sem condições de uso e estocados em depósitos poderão ser destruídos e reciclados, segundo estimativa.

A alteração que levou o Detran a abandonar o sistema terceirizado e assumir a condução dos exames teóricos e práticos faz as dependências dos Centros de Formação de Condutores (CFCs) se assemelharem a salas de psicoterapia. Pessoas que penam nos cursos de direção e, no período da Fundae, faziam seus testes em um prazo de 48 horas, agora têm de esperar cerca de um mês pelos exames – e isso está gerando uma onda de aflição. Alunos têm procurado seus instrutores para saber como proceder, já que um mês longe do volante pode comprometer o aprendizado. O diálogo entre o pai de um candidato e o dono de um CFC exemplifica o drama:

– O que faço agora, Bruno? O guri vai desaprender – lamentou Fernando Glasenapp, pai de Thiago, 18 anos.

– Pois é, Fernando. Não temos o que fazer – responde o proprietário do CFC Atlântica, na Capital, Bruno Rasch.

– Não dá para dar um jeito?

– Olha, posso te avisar se tiver alguma desistência. Mas é muito difícil.

Thiago foi reprovado no teste de baliza, em 15 de outubro. Resultado: o novo teste, que até algumas semanas atrás seria remarcado para 15 dias depois, ficou para 17 de novembro. A tendência, de acordo com Rasch, é a situação piorar. No verão, as pessoas saem de férias e resolvem fazer autoescola. Ele teme que o prazo pule para dois meses. A assessoria de imprensa do Detran sustenta que 40 novos examinadores de um total de 170 deverão entrar em serviço para aliviar a sobrecarga.

Alguns candidatos pedem aulas extras, a um custo de R$ 25,51.

– É o jeito. Não posso ficar tanto tempo esperando, depois de ter aprendido – lamenta a técnica em enfermagem Karine Magalhães.

Destruição de 40% das carcaças

O Detran deflagrou mudanças também no sistema de armazenamento de veículos em depósitos. A novidade entrou em prática ontem à tarde, quando foi iniciado o processo de transporte e trituração de 1,5 mil carcaças sob guarda da Atento Service, em Porto Alegre. A empresa cobra uma dívida de R$ 16 milhões, não reconhecida pela autarquia, por prejuízos operacionais.

Com o fim do contrato, a Justiça determinou a liberação do depósito até o final do mês. Em vez de leiloar os veículos sem condições de circulação como sucata, a autarquia decidiu vendê-los a R$ 0,21 por quilo para reciclagem. Ontem, teve início a coleta e o transporte da sucata sob responsabilidade da empresa selecionada, a Gerdau. O trituramento deverá começar nos próximos dias. A lei estabelece que os carros podem ser leiloados após 90 dias sem reclamação por parte do dono, mas o Detran entende que, no caso das carcaças, a destruição é um fim legal e apropriado.

– Chegamos a fazer isso em 2007, com cerca de 50 carcaças. Queremos adotar essa prática por ter menor impacto ambiental, menor risco de fraude e maior segurança ao evitar que veículos sem condições voltem às ruas – observa o chefe da Divisão de Remoção, Depósito e Leilões do Detran, Marco Bandarra.

A intenção é adotar a mesma medida para um contingente estimado em cerca de 40% dos 70 mil automóveis atualmente estacionados em depósitos em todo o Estado – o que significaria destruir cerca de 30 mil carcaças.


(Fonte: Zero Hora)

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