Depois de anos ilhado por trilhos curtos, o Rio Grande do Sul enfim deve ingressar no circuito ferroviário do país.
A
governadora Yeda Crusius aprovou ontem a criação da Ferrosul, empresa
pública que ligaria o Estado à famosa Ferrovia Norte-Sul, que até hoje
só chegou ao Mato Grosso. A parceria com os governos do Paraná, de
Santa Catarina e do Mato Grosso do Sul resultaria em trilhos de trem
cortando 238 municípios gaúchos.
Liderada pelo deputado Jerônimo
Goergen (PP), uma comissão de prefeitos, deputados e vereadores levou
ontem à governadora um estudo prévio de viabilidade do projeto.
–
Na próxima reunião do Conselho de Desenvolvimento e Integração do Sul
(Codesul), levarei uma moção que estenda o apoio dos governadores à
Ferrosul, para botar fim ao isolamento que os Estados do Sul têm hoje –
disse Yeda ontem, na reunião com a comissão de parlamentares e
prefeitos.
A proposta é baseada nos planos da estatal paranaense Ferroeste –
que já impulsiona ramificações da Ferrovia
Norte-Sul para Chapecó (SC) e para o Porto de Antofagasta, no Chile.
Percebendo
que a empresa paranaense poderia se interessar no território gaúcho,
Goergen propôs uma continuação para o Sul, em audiência pública
ocorrida no início do mês, em Nonoai – município por onde os trens
entrariam e deixariam o Estado. Assim, a Ferroeste passaria a se chamar
Ferrosul. A previsão é de que, em quatro anos, as obras já estejam
andando.
– Nossa malha ferroviária não tem qualquer ligação com
o Brasil atualmente. E o governo não gastará um centavo para isso –
afirma o deputado.
Segundo ele, os investimentos da ordem de R$
3 bilhões partirão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) e da iniciativa privada. Hoje a Ferroeste é a única
empresa do país com autorização do governo federal para construir novas
linhas de trem. A transformação em Ferrosul colocaria o governo gaúcho
como acionário da estatal e, principalmente, como gestor da própria
infraestrutura ferroviária.
A contrapartida da parceria para o
governo paranaense seria justamente a possibilidade de atuar junto ao
poderio econômico do Rio Grande do Sul – especialmente forte na área de
agricultura. A expectativa de Goergen é de que os trens, que
alcançariam uma velocidade de até 160 km/h, comportem passageiros. É
com este foco que ele vai pedir ao governo federal que banque o único
gasto que caberia ao Estado: um estudo de sustentabilidade das linhas,
que mostra por onde elas vão passar, além do impacto ambiental. O preço
é de R$ 300 mil.
–
Imagina na Copa do Mundo, em 2014, um trem de passageiros ligando o Rio
Grande do Sul ao país todo. Tenho certeza de que o governo federal vai
liberar – sustenta Goergen.