A
CPI da Corrupção apresentou hoje (19) dois áudios que levantam
suspeitas de que a corrupção no governo Yeda não se restrige ao Detran,
mas avança sobre outras áreas e contam com outras fontes de
financiamento. Uma das conversas ocorreu entre o deputado estadual
Marco Peixoto (PP) e o ex-diretor da CEEE Antônio Dorneu Maciel e a
outra entre atual chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, e Maciel.
Os
diálogos são do mesmo dia - 31/10/2007 - com três horas e meia de
diferença e antecedem a votação do tarifaço, proposto pela governadora
e rejeitado pela Assembleia Legislativa. No primeiro áudio, Peixoto
convidou Maciel para ir até a praça encontrar com o ex-presidente do
TCE João Luiz Vargas, a quem se referem como “o saravé e chefe de
umbanda”. O ex-diretor da CEEE respondeu que estava indo encontrar com
“o homem”. Peixoto não perguntou de quem se tratava, demonstrando que
sabia de quem Maciel estava falando.
No
segundo diálogo, Maciel comentou com o atual chefe da Casa da Civil que
a conversa com Peixoto foi muito boa. Vivian respondeu que o deputado
chegou a lhe telefonar, mas não conseguiram falar. Maciel disse que tem
liberdade com "Marquinho" pra dizer o que pensa; que o deputado quer
"entrar no seu coração grande", que pediu para não ser esquecido.
Maciel disse que isto dependia dele (Peixoto) fazer as "coisas direito"
e "deixar de ser criança". O ex-diretor da CEEE perguntou se ele
(Vivian) sabia o que Peixoto queria.
Maciel,
que é tratado por Vivian como "irmão", falou que eles precisam do
"guri", mas que ele (o guri) não queria nem ouvir falar do "negócio". O
guri seria o ex-presidente do PP, Jerônimo Goergen, tratado de forma
desrespeitosa por seus companheiros de partido. Já o negócio mencionado por eles, aparentemente, se tratava de outro esquema ilícito que não a fraude do Detran.
Maciel
também pediu a Vivian "dar uma bomba no José Otávio" (José Otávio
Germano, deputado federal do PP) porque ele (Maciel) estava voltando de
uma conversa no aeroporto cujo resultado foi "dez".
Vivian
mostrou que sabia da conversa, parabenizou Maciel pelo sucesso do
encontro e perguntou se poderia dizer para José Otávio Germano "que
está tudo certinho". Logo em seguida, o chefe da Casa Civil perguntou
se Maciel já estava com tudo na mão para realizar o trabalho. A
resposta de Maciel não poderia ser mais explícita: "isso, isso, ficha
com cartão de crédito".
Outros
documentos levantados pelo Ministério Público citam que o encontro que
o ex-diretor da CEEE manteve no aeroporto foi com o “campeão”, que
seria Athos Cordeiro, presidente do Sindicato da Indústria da
Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplanagem do RS.
Em outra intercepção telefônica de um diálogo entre o ex-presidente do Detran Flavio Vaz Netto e Maciel, o nome do chefe da Casa Civil também é citado.