Diante da insatisfação e da repercussão negativa que a
substituição tributária gerou para alguns setores no Rio Grande do Sul,
o deputado Alberto Oliveira (PMDB) solicitou a realização de audiência
pública para discutir o assunto. O requerimento foi encaminhado nesta
quinta-feira (15), à Comissão de Economia e Desenvolvimento
Sustentável.
A substituição tributária altera o sistema de cobrança do ICMS,
que passa a ser recolhido diretamente nas empresas produtoras, e não
mais nos pontos de venda das mercadorias. 29 segmentos foram incluídos
no sistema e mais três entram em novembro.
Conforme o parlamentar peemedebista, a substituição tributária é
uma medida que facilita a fiscalização e impede a sonegação de impostos
e, por isso, é positiva. Entretanto, ressalta que a forma de cálculo do
valor a ser pago pela empresa torna injusto o valor cobrado pelo fisco:
“Não se discute os princípios da substituição tributária, mas os
critérios utilizados para calcular a média de valor agregado, sobre o
qual será cobrado o tributo. Não há regras claras, e sim uma injustiça
pela forma como está sendo aplicada”, afirma o parlamentar.
Entre as causas da insatisfação, estão a falta de transparência
sobre as formas de avaliar o ICMS devido pelas empresas, além de
critérios utilizados na base de cálculo, que não condizem com a
realidade de mercado do Rio Grande do Sul e tornam os custos muito
elevados, impraticáveis no mercado.
É o que alega, por exemplo, o setor vinícola. Tomando como exemplo
o caso do vinho comum, o presidente da Associação Gaúcha de
Vinicultores (Agavi), Darci Dani, afirma que a base de cálculo para o
valor agregado torna o preço estimado bem superior ao que é cobrado
pelo produto nos supermercados: para cada litro, a base de cálculo é R$
4,47 o litro. Para o garrafão de 4,6 litros, o valor seria R$ 20,56.
Mas, segundo o presidente da Agavi, nas prateleiras, o preço médio do
produto é de R$ 10. “Não somos contra a substituição tributária. Mas
queremos rever a forma de cálculo, porque não temos como pagar o
imposto sobre um valor que é bem superior ao que será cobrado. Isto vai
onerar nossas empresas, ou será repassado para o consumidor final”,
explica.
“Isto pode gerar um problema especialmente para as pequenas
empresas, que além de terem dificuldades no esclarecimento sobre a
substituição tributária, são oneradas pagando ICMS equivalente a
valores superiores aos praticados nas prateleiras”, ressalta Alberto
Oliveira. Conforme o deputado, “com a audiência busca-se um
esclarecimento por parte da Secretaria da Fazenda e a revisão deste
decreto, para que estas injustiças, que fazem a carga tributária ficar
mais alta, sejam anuladas”.
A proposta de audiência pública será votada pela Comissão de
Economia e Desenvolvimento Sustentável, para que depois tenha uma data
definida.
Matéria de Natália Pianegonda