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Alerta de transparência
09/10/2009
A governadora Yeda Crusius pode até ter agido
estritamente dentro da lei, como alega a nota oficial do governo do Estado
sobre o uso de dinheiro público na compra de móveis e material de construção
para a sua residência particular. Mas é evidente que esta prática, ao alcance
de outros governadores que optam por não residir no Palácio Piratini, precisa
ser melhor regulamentada para que os gaúchos tenham pleno conhecimento do que
estão financiando. Não basta dizer que o governante terá que devolver ao Estado
os bens adquiridos ou que deverá ressarcir o erário ao final do mandato. É
imprescindível que a legislação defina claramente o que pode e o que não pode
ser comprado, para que não paire qualquer dúvida sobre a aplicação do dinheiro
do contribuinte. Neste sentido, ainda que tenha inspiração política, a denúncia
feita agora pela oposição tende a trazer um ganho para o Estado, pois lança um
alerta de transparência sobre uma prática nebulosa.
Até se compreende que o chefe do Executivo rio-grandense prefira o seu próprio
lar à ala residencial do palácio do governo, que nem sempre apresenta as
melhores condições de conforto e habitabilidade. Vários governadores gaúchos já
fizeram esta opção. O que não dá para entender é a inexistência de normas
específicas para as despesas decorrentes desta opção. Pelo que se constata no
atual episódio, os gastos públicos com a residência do governante estão
condicionados unicamente à interpretação da Contadoria e Auditoria-Geral do
Estado. Não deve ser assim. O contribuinte precisa conhecer com total clareza
como seus representantes políticos aplicam os recursos arrecadados por meio de
impostos. No mínimo, é indispensável que exista uma prestação de contas
detalhada destes gastos.
Mesmo que inexista tal rotina administrativa, o próprio governante deveria
expor publicamente os seus gastos para ficar livre de suspeitas como as que
agora estão sendo levantadas por integrantes da oposição. Mas o mais sensato é
a regulamentação: cabe à Assembleia, a partir do atual debate, propor uma lei
que especifique limites para os gastos, detalhe em que os recursos públicos
podem ser aplicados e defina como devem ser devolvidos aos cofres do Estado.
Não é possível que os cidadãos sejam obrigados a sustentar gostos e caprichos
do governante de plantão simplesmente porque ele não se sente bem no palácio do
governo – o que sempre parecerá um desperdício.
Um governador exerce o seu cargo 24 horas por dia. Precisa manter,
permanentemente, uma estrutura de comunicação, administração e segurança para
eventuais necessidades. Se sua opção é não morar na residência oficial, onde
essa estrutura já está montada, os gastos com a adequação do local escolhido
para a moradia têm que se restringir às necessidades específicas ao exercício
do cargo. Por isso, mesmo que a legislação seja omissa, qualquer suspeita de
mordomia à custa de recursos públicos tem que ser rigorosamente investigada em
nome da transparência e da probidade.