Está mais próximo o arquivamento do pedido de impeachment da governadora Yeda Crusius. Relatora da comissão que avalia o processo, a deputada Zilá Breitenbach (PSDB) apresentou ontem, no início da noite, o documento pedindo para engavetar o caso.

O relatório foi entregue ao presidente da comissão, deputado Pedro Westphalen (PP), com quatro dias de antecedência – confirmando a estratégia da base governista de apressar a votação.

Como a base do governo é maioria na comissão, com 17 deputados contra 12 da oposição, a tendência é de que o arquivamento seja aprovado em votação na quinta-feira. Depois, o relatório ainda será votado em plenário, onde a base novamente é maioria.

A assessoria de Zilá informou que ela foi viajar após apresentar o relatório – até o fechamento desta edição, o celular da deputada permanecia desligado. Westphalen também não foi encontrado para comentar o teor do documento. Mas em todas as entrevistas anteriores, Zilá se dizia convicta de que não havia elementos para embasar o pedido de afastamento de Yeda do cargo.

Ao entregar o relatório quatro dias antes do fim do prazo, a estratégia foi acelerar o arquivamento do pedido de impeachment e, assim, evitar mais desgaste à governadora – cuja administração também é alvo de uma CPI na Assembleia. Na noite de ontem, interlocutores de Yeda já haviam sido informados de que Zilá entregara o documento.

Petista chama relatório de chapa-branca

Opositores do governo que integram a comissão reagiram à apresentação do relatório. O deputado Ronaldo Zülke (PT) chamou o documento de chapa-branca e reconheceu que o pedido de impeachment deverá ser arquivado.

– Se as provas viessem logo a público, talvez um ou outro deputado da base cedesse e votasse contra o arquivamento. Mas não acredito nisso – afirmou ele.

A partir do pedido de impeachment protocolado pelo Fórum dos Servidores Públicos Estaduais, o presidente da Assembleia, Ivar Pavan (PT), anunciou no dia 10 de setembro seu aval para a tramitação do processo contra Yeda.

Em anúncio transmitido pela TV Assembleia, Pavan disse ter tomado a decisão a partir de uma análise de 26 situações que ligariam a governadora ao esquema de desvio de R$ 44 milhões do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Autos dos processos que tramitam na Justiça Federal em Santa Maria foram analisados pelo presidente por quase uma semana.