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Governo descarta análise de carreiras em 2009

29/09/2009


Não aprovação das medidas pode comprometer empréstimo do Bird.

O secretário estadual do Planejamento e Gestão, Mateus Bandeira, descarta a apreciação pela Assembleia Legislativa ainda em 2009 da proposta que insere o conceito de meritocracia na progressão da carreira dos servidores estaduais. Bandeira diz que a proposta, ainda em estudo e que poderá chegar ao Legislativo em outubro, não deverá ter pedido de urgência. O secretário justifica que a meta é evitar estresse no debate. Ele também acredita que o prazo limite para votação é março de 2010 em função de ser um ano eleitoral. A mesma projeção é adotada para a reforma na previdência, que terá de adotar sistema complementar. O projeto nesta área está parado na Assembleia.

A implantação do modelo de meritocracia, que dependerá de alteração da Constituição do Estado, é uma das condições para o governo acessar a segunda parcela do empréstimo do Banco Mundial (Bird), de US$ 450 milhões. O contrato assinado em setembro de 2008, que tem como avalista o governo federal, prevê 12 itens a serem cumpridos pelo Estado. A proposta será levada à discussão de secretários nas próximas duas semanas.

No novo modelo, a tese que ganha mais apoio no interior do governo é de um modelo cuja adesão poderá ser opcional para servidores do quadro atual e compulsório a novos funcionários – quem ingressar na carreira depois da implantação do sistema, caso seja aprovado.

Bandeira explicou que o governo organiza encontro da governadora Yeda Crusius com integrantes da direção do Banco Mundial em Washington, sede do organismo. A viagem ocorreria em outubro, mas não há data e nem confirmação se ocorrerá. A assessoria do banco confirmou que houve solicitação do Estado para apresentação de informações à direção da instituição. Outro objetivo é sondar o banco sobre possibilidade de financiamento para projetos de inovação tecnológica.   

“Não estamos preocupados com o contrato. O cumprimento dos compromissos é necessário para o Estado avançar”, qualificou. Também confirmou que a execução dos compromissos é condição para receber valor integral. O secretário reduziu a importância da liberação da segunda parcela para o atual governo. Segundo ele, o impacto para economia com juros seria de R$ 30 milhões a R$ 40 milhões em 2010. Com isso, a sinalização sobre o interesse no recurso do banco deveria ser feita por quem estiver no comando do Estado em 2011.

O secretário negou que a agenda servirá para negociar mudanças nos compromissos para acessar a segunda parte do empréstimo. Yeda levaria balanço de execuções do contrato firmado com o banco até agora. As principais medidas atingem controle fiscal, melhoria em arrecadação e maior eficiência em áreas como a central de licitações. Segundo o secretário, o processo de contratação de Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips) - com dois editais já lançados e outro previsto para 2010 - e andamento dos programas estruturantes também seriam detalhados
por Yeda Crusius.

Compromissos para liberação do restante dos recursos

1. Aumento do resultado primário entre 2008 e 2009: pelo menos R$ 1,1 bilhão em 2008 e R$ 1,4 bilhão em 2009

2. Redução do gasto com pessoal em relação à Receita Corrente Líquida (RCL): para 66% em 2008 e 65% em 2009

3. Reestruturação do sistema de compras de acordo com o programa Fazendo Mais com Menos

4. Aumento da receita de arrecadação própria: pelo menos R$ 14,5 bilhões em 2008 e R$ 16 bilhões em 2009

5. Publicação de relatório de gastos tributários na Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2009 e 2010 (transparência fiscal)

6. Publicação de séries históricas sobre incentivos fiscais no site da Secretaria da Fazenda e no Diário Oficial (transparência fiscal)

7. Redução do comprometimento da dívida financeira em relação à Receita Líquida Real (RLR): de no máximo 2,78 vezes em 2008 e 2,75 vezes em 2009

8. Aprovação da Lei do Fundo Complementar de Previdência

9. Implementação da reforma da previdência com critérios de cálculo dos proventos de aposentadoria baseados na média das contribuições

10. Implementação das Oscips

11. Implementação satisfatória do sistema de monitoramento e avaliação dos programas estruturantes

12. Implementação de um sistema de meritocracia no serviço público (reestruturação das carreiras)

Estado registra déficit no orçamento consolidado do ano

Enquanto busca mostrar resultados após a liberação da primeira parcela, no valor de US$ 650 milhões, o Estado tenta contornar números negativos na execução orçamentária. O secretário do Planejamento e Gestão, Mateus Bandeira, confirmou que a Fazenda registrou o primeiro déficit do orçamento consolidado do ano. A despesa maior que a receita ocorreu entre janeiro e agosto. O valor negativo será conhecido nos próximos dias.

Dados divulgados na sexta-feira passada pelo secretário da Fazenda, Ricardo Englert, mostraram as quedas sucessivas na previsão de arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que responde por mais de 60% do caixa. A frustração da arrecadação é efeito da desaceleração da economia e de uma demora maior para reação das receitas locais mesmo após reaquecimento da atividade, registrada a partir de julho. Entre janeiro e setembro, foram R$ 654 milhões a menos que a expectativa. “Tínhamos uma poupança fiscal até agora. A luz amarela acendeu. Redobramos a atenção sobre nossas despesas”, diz Bandeira.


(Fonte: Jornal do Comércio)

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