Especialistas preveem boa vontade do Bird
29/09/2009
Para economistas, parcela de US$ 450 milhões de empréstimo será liberadaMesmo
que a governadora Yeda Crusius não consiga cumprir as metas exigidas em
contrato com o Banco Mundial (Bird), a tendência é obter a garantia de
liberação de US$ 450 milhões, segunda parcela do empréstimo de US$ 1,1
bilhão para reestruturação da dívida pública.
Essa é a avaliação
de especialistas em finanças públicas que acreditam na disposição da
instituição em revisar acordos quando o descumprimento de quesitos é
causado por fatores imprevistos.
Após o feriadão de 12 de
outubro, a governadora deve viajar aos Estados Unidos na terceira
viagem internacional desde o início da gestão, em 2007. Um dos
principais pontos do roteiro é uma reunião com dirigentes do banco, em
Washington, para tratar da liberação dos recursos no próximo ano. O
contrato com o Bird se estende até 31 de dezembro de 2010. O encontro
está sendo avaliado pela cúpula da instituição. Yeda quer apresentar um
balanço dos resultados obtidos com a aplicação de US$ 650 milhões
repassados pelo banco numa primeira etapa, em 23 de setembro de 2008.
– Não vamos lá prestar contas do que não
aconteceu. Vamos dizer que o governo está firme no projeto. Mesmo com a
crise, continua segurando gastos. Queremos mostrar onde estamos
avançando – disse o secretário do Planejamento, Mateus Bandeira.
No
contrato entre Estado e Bird, a liberação do dinheiro é vinculada ao
avanço do programa de reforma da gestão pública. Se a instituição não
ficar satisfeita, está autorizada a cancelar o repasse integralmente ou
em parte. Apesar de a Fazenda assegurar que objetivos fiscais estão
sendo atingidos mesmo com queda de arrecadação, o Executivo não
conseguiu implantar a previdência complementar dos servidores, o novo
plano de carreira do funcionalismo e a disseminação de Oscips.
Para Velloso, manutenção de ajuste é critério decisivo
Segundo
especialistas, o Bird é rígido nos critérios quando as mudanças
dependem do governo. Para o economista Raul Velloso, o Bird é flexível
na avaliação das contrapartidas porque tem a função de apoiar o Estado
para que possa se desenvolver. Se o governo gaúcho mantiver o ajuste
fiscal, ele acredita que não haverá suspensão de recursos.
–
Pode-se dar um prazo maior para que o Estado resolva pendências. Se as
metas não se tornam mais factíveis por alguma razão, serão ajustadas. A
ideia não é criar constrangimento, mas sim induzir que as mudanças
aconteçam de forma satisfatória – explicou Velloso.
O economista Marcelo Portugal tem entendimento semelhante:
–
Existem contrapartidas que estão na mão do Estado. Outras estão na mão
da Assembleia. O governo diz que vai mandar o projeto, mas não garante
aprovação. O Bird é inflexível se a meta (não cumprida) está no
controle do governo. É flexível se houve boa intenção, mas a medida não
andou por causa de uma terceira parte.
Entenda o caso | -
Em setembro de 2008, o Banco Mundial (Bird) liberou US$ 650 milhões,
primeira parcela do empréstimo de US$ 1,1 bilhão. Em 2010, a previsão é
repassar o restante US$ 450 milhões | -
O dinheiro está sendo usado para antecipar o pagamento de dívidas com
juros mais altos. Em vez de pagar os antigos credores, o Estado ficará
devendo para o Bird, com juros menores e condições mais favoráveis | -
Segundo o Executivo, houve uma economia de R$ 239 milhões. Se não
houvesse o financiamento do banco, o governo teria gastado R$ 285
milhões, em pagamento de dívidas, entre setembro de 2008 e agosto de
2009. Com a operação, o desembolso reduziu para R$ 46 milhões | -
O Bird exige o cumprimento de metas para liberar recursos. Como o
Estado ainda não conseguiu atender parte das condições, como criar um
sistema de previdência complementar, é necessário avaliar se é possível
liberar o restante do financiamento |
(Fonte: Zero Hora)
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