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Guerra contra o nepotismo

23/09/2009
Encerrado o prazo estipulado em decreto para os diferentes órgãos do governo federal prestarem informações sobre a existência de eventuais parentescos entre os mais de 21 mil servidores lotados em cargos de confiança, a Controladoria- Geral da União (CGU) promete agir com rigor para pôr fim aos abusos. A decisão, tardia, precisa contar com o apoio da sociedade, pois a prática, além de colocar o poder público a serviço de uns poucos privilegiados, constitui-se numa porta aberta para todo tipo de irregularidade na máquina administrativa, incluindo a corrupção. O combate a essa deformação não se constitui num objetivo fácil de ser alcançado, o que demonstra a necessidade de ações como a empreendida agora serem cercadas acima de tudo de persistência e determinação.

De todas as etapas do processo, a mais complicada é justamente a prevista para ser deflagrada a partir de agora. Nesta primeira fase, será preciso justamente identificar funcionários em discordância com a Lei nº 8.112/1990, que versa sobre o serviço público e proíbe a subordinação direta entre parentes. Num segundo momento, o desafio será elaborar um decreto capaz de suprir as lacunas da súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal (STF), aprovada em agosto do ano passado, que proibiu o nepotismo no âmbito dos três poderes mas deixou vagos alguns aspectos relevantes.

A resistência ao problema, em toda a administração pública, demonstra a dificuldade de o país assegurar avanços contra esse mal e a necessidade de as ações serem empreendidas com rigor. Uma prova disso são as constantes denúncias de nepotismo cruzado, pelo qual um magistrado emprega o parente de outro, por exemplo, e mesmo de casos nos quais a troca de favores com vagas no setor público envolve integrantes de diferentes poderes.

Por mais que as corporações insistam na defesa de causas discutíveis, não há outra saída. O nepotismo e suas consequências constituem-se numa deformação inaceitável, que só se desfaz com o desligamento dos servidores eventualmente envolvidos com alguma relação de parentesco vetada por lei.


(Fonte: EDITORIAL ZERO HORA)

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