Lógica perversa, por Paulo Afonso Girardi Feijó*
18/09/2009
A
substituição tributária, modalidade em que a cobrança do imposto é
feita de forma antecipada na indústria e no atacado e não mais na hora
da venda para o consumidor final, aumenta a arrecadação para o Estado,
com menores riscos de sonegação. Isto é o que o governo alega para
incluir cada vez mais itens nesta modalidade. O que o governo não diz é
que a substituição tributária causa aumento do preço final dos
produtos, penalizando mais uma vez quem ganha menos. E os preços têm
subido a cada dia.
Pressupõe-se que um produto seja vendido por
um valor X, preço médio de mercado, e sobre este valor é cobrado o
imposto. Esta medida é perversa porque engessa o mercado, pois quem
quiser vender mais barato seus produtos, fazer promoções, sai perdendo,
já que o imposto é previamente estipulado. Isto perverte as leis da
livre concorrência e impede maiores baixas de preços.
É
importante observar que isto já vem acontecendo em diversos setores,
como medicamentos, cigarros, combustíveis, refrigerantes, cervejas,
entre outros. Entre os novos setores atingidos por esta medida, temos
vinhos, bebidas quentes, produtos alimentícios, material de limpeza,
brinquedos, produtos de higiene, material elétrico, material de
construção, ferramentas, instrumentos musicais, artigos de papelaria,
produtos eletrônicos, eletroeletrônicos e eletrodomésticos. Muitos
deles essenciais para toda a sociedade.
Além
disso, o governo gaúcho vai aplicar a substituição tributária sobre os
estoques desses novos setores atingidos. Ou seja, a substituição
tributária vai agir retroativamente sobre os produtos que foram
adquiridos antes da medida entrar em vigor. O imposto é cobrado antes
da venda e retroativamente sobre os estoques. O fato de o imposto ser
cobrado sob um cálculo de preço médio penaliza também quem vende mais
barato, induzindo que cobre mais caro. Para todos estes, a substituição
tributária é aumento de imposto e será, consequentemente, aumento de
preço final. Tal medida jamais poderia ser considerada economicamente
saudável, porque diminui o poder de compra das pessoas.
Mais
uma vez, garante-se a arrecadação tributária do Estado e penaliza-se o
setor produtivo, o varejo e o consumidor. Você, trabalhador, dona de
casa, consumidor, que vê os preços subirem todos os dias, agora sabe
que a responsabilidade é do governo Yeda Crusius e sua política fiscal.
*Vice-governador do Estado do Rio Grande do Sul
(Fonte: Zero Hora)
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