A consolidação do orçamento realista, por Mateus Bandeira*
15/09/2009
Há
quase três anos, a governadora Yeda Crusius propôs uma modificação
estrutural na gestão pública do Estado que parecia impossível diante da
dimensão do desafio e da mudança cultural que representaria:
transformar o orçamento num instrumento efetivo de planejamento das
políticas públicas, elaborado em bases realistas e que permitisse,
assim, cumprir seu papel constitucional de orientação quanto ao
conjunto das receitas e despesas do Estado.
Convivendo há anos
com dificuldades financeiras, os administradores públicos do Estado
tinham um orçamento aprovado pela Assembleia com uma previsão de gastos
que acabava não se concretizando porque as receitas nunca eram
suficientes para cobri-los. Dessa forma, iniciava-se uma obra ou um
serviço sem saber se seria possível finalizá-los no prazo e se haveria
recursos em caixa para o pagamento. Com os recursos escassos, o Estado
atrasava pagamentos com fornecedores ou com os contratos de dívida,
necessitando de financiamentos inclusive para pagar despesas como o 13º
salário.
A governadora tomou uma atitude corajosa e ousada
ao inverter essa lógica. A partir da sua primeira proposta
orçamentária, explicitou o tamanho do déficit: naquele exercício,
faltariam R$ 1,3 bilhão para o Estado pagar todas as despesas. E,
assim, comunicou à equipe de governo que, a partir de então, só seriam
autorizadas despesas para as quais houvesse recursos suficientes para o
pagamento. Começou aí uma transformação na gestão do Estado que
permitiu ao orçamento público recuperar a sua principal função.
Passado
um período curto, o Estado regularizou pagamentos, equilibrou receitas
e despesas e manteve de modo imperioso o compromisso com o realismo
orçamentário. As vantagens dessa conquista podem não ser percebidas
claramente pelo cidadão num primeiro momento, mas são enormes. Como
exemplo, tome-se um caso – ao regularizar os pagamentos, o Estado
atraiu fornecedores e passou a pagar “à vista”, com preços mais
competitivos do que quando levava mais de um ano para pagar.
Com essa nova situação, a administração pública pode planejar suas
ações e responder com mais segurança ao imponderado, como vem
acontecendo com a queda de arrecadação neste ano, fruto da crise
internacional, e da redução das transferências da União.
Mas
o mais importante benefício do orçamento equilibrado materializa-se no
segundo compromisso que o governo está cumprindo, que é a ampliação dos
investimentos públicos. Para 2010, estão previstos R$ 2,8 bilhões,
sendo R$ 1,6 bilhão através das secretarias e órgãos, mais de 8% da
receita líquida. Outros R$ 1,2 bilhão serão aplicados pelas estatais.
Enfim,
o Estado tem novamente no orçamento um real instrumento de
planejamento. Acima de tudo, é uma conquista de todos os gaúchos, mas
que resgata a credibilidade do poder público e merece ser celebrada.
*Secretário estadual do Planejamento e Gestão
(Fonte: Zero Hora)
|