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Orçamento e transparência

15/09/2009
Um orçamento realista é uma ferramenta que finalmente pode ser usada em benefício do desenvolvimento do Estado.

O governo do Estado encaminhou ontem à Assembleia Legislativa o orçamento para 2010 com previsão de que se manterá o equilíbrio e também com a indicação de que haverá R$ 1,6 bilhão em investimentos com recursos do Tesouro. Há uma grande dúvida sobre o realismo e a viabilidade de uma peça orçamentária com uma perspectiva tão auspiciosa, pois a arrecadação de 2009 esteve em queda, não confirmando as previsões do orçamento anterior. A crise, que afetou as atividades industriais e comerciais em todo o mundo, teve como seu subproduto negativo uma severa redução das receitas públicas. O próprio governo estadual, em sucessivas informações, reconheceu essa situação e alertou para suas consequências.

Um dos grandes trunfos da atual administração, esgrimido como façanha pelo Palácio Piratini, é o de ter conquistado o realismo orçamentário, impondo a essa peça fundamental para a administração do Estado a lógica de que os gastos públicos devem limitar-se à existência de uma correspondente e indispensável cobertura de recursos. O déficit zero passou a ser o objetivo. Apesar do ceticismo que acompanhou as primeiras tentativas de ajustar as contas, é inegável que o governo regularizou pagamentos, equilibrou receitas e despesas e não atrasa mais a folha do funcionalismo. Obviamente, tal conquista teve e tem um preço, o que fica evidente na contenção de custos, no rigor da política de pessoal e na ainda insuficiente previsão de recursos para investimentos. Fica evidente, também, na incapacidade do Estado de atender à exigência constitucional de investir na educação e na saúde os percentuais previstos. De qualquer maneira, para um Estado que há décadas se caracteriza pelo desequilíbrio, um orçamento realista é uma ferramenta que finalmente pode ser usada em benefício do desenvolvimento do Estado. Resta, pois, esperar que 2010 marque a retomada do crescimento econômico e, assim, produza receitas mais robustas.

Por essas razões, a população do Estado tem o direito de ser informada com detalhe sobre as fontes em que o orçamento buscará os recursos para sustentar o déficit zero e, mais ainda, sobre como tais recursos serão gastos. Não deixará de ser uma surpresa agradável para todos se efetivamente o Rio Grande tiver ultrapassado a fase dos orçamentos deficitários e dos endividamentos persistentes.

Num ano pré-eleitoral, é preciso que os gaúchos estejam atentos para distinguir, nos anúncios e nas críticas, o que é verdadeiro e o que guarda viés de propaganda ou contrapropaganda. Sob pena de incorrer em quebra no dever da responsabilidade pública, governo e oposição têm a obrigação de tratar o orçamento como um documento de informação e de gestão. Apenas isso.

(Fonte: EDITORIAL ZERO HORA)

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