A
série de benefícios fiscais prevista no Projeto de Lei 150/2009,
proposto pelo governo do Estado para garantir a ampliação da fábrica da
General Motors (GM), em Gravataí, foi aprovada sem emendas por 35 dos
40 deputados estaduais presentes na sessão extraordinária realizada
ontem. A proposta, encaminhada à Assembleia após o anúncio oficial da
montadora de que irá investir R$ 2 bilhões no aumento da unidade, feito
em 15 de julho, prevê o adiamento do recolhimento de até 75% do ICMS
gerado na venda da nova produção da empresa. O texto prevê ainda, taxas
reduzidas de correção, financiamento de valor equivalente a até 9% do
faturamento bruto mensal decorrente da ampliação da unidade industrial
e das operações de comercialização e distribuição de veículos
importados e estabelece ainda carência de até 10 anos para o início do
pagamento e 12 anos de prazo para amortização.
Em contrapartida,
a montadora aponta ampliar a produção em 100 mil veículos por ano a
partir de 2011, podendo chegar a 140 mil futuramente e geração de mil
empregos diretos. A expectativa é que a implantação do novo projeto
comece em 2009 e se estenda até 2012 e resulte na produção de um novo
veículo a ser lançado no mercado. Os benefícios à GM exigem
modificações da Lei nº 10.895, de 26 de dezembro de 1996, que instituiu
o Fundo de Fomento Automotivo do Estado (Fomentar/RS). A montadora
negocia financiamento com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico
e Social (Bndes) e Banrisul para custear parte da ampliação.
Especula-se que o banco estadual poderia repassar até R$ 260 milhões.
O
projeto recebeu cinco emendas do deputado Elvino Bohn Gass (PT), que
não foram apreciadas. Dentre as propostas, o parlamentar defendia que o
financiamento concedido pelo Estado à GM não reduza em mais de 50% o
saldo devedor do ICMS, 25% a menos que o apresentado pelo Executivo.
Ele também propôs acrescentar ao projeto a cobrança, junto às empresas
beneficiadas, de juros de até 6% ao ano e correção monetária, a criação
do Fundo para Promoção do Desenvolvimento Econômico Sustentável do
Estado do Rio Grande do Sul (Pró-RS Sustentável) para receber os
recursos das amortizações dos financiamentos e concedidos exige que o
financiamento esteja condicionado à geração de empregos, à realização
de investimentos e à regularidade fiscal e ambiental.
O
secretário estadual de Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais,
Márcio Biolchi, comemorou a decisão do Legislativo gaúcho e salientou a
agilidade dos deputados na avaliação de um projeto considerado
fundamental para a economia do estado. Na opinião dele, a ampliação da
fábrica abrirá mais de oito mil postos de trabalho diretores e
indiretos e aumentará a participação de fornecedores gaúchos para a
indústria automobilística. “A Assembleia teve maturidade para
compreender a importância desse projeto para o desenvolvimento do
estado. Sabemos do número de empregos que poderão ser gerados. Além
disso, a expectativa é aumentar a quantidade de fornecedores e
prestadores de serviços gaúchos, que hoje são cerca de 500”, calcula.
A
projeção do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí aponta que devem ser
gerados de quatro a cinco mil novos empregos diretos e indiretos. Hoje,
o complexo soma cerca de 4,5 mil. Conforme o Instituto Gaúcho de
Estudos Automotivos (Igea), a fábrica da montadora instalada na Grande
Porto Alegre é a mais rentável da empresa no mundo, com produtividade
de 20% a 30% superior as demais. “Os benefícios foram amplamente
debatidos por pessoas bastante equilibradas e acredito que elas
chegaram à melhor solução. O mais importante são os benefícios que isso
vai proporcionar, como novos fornecedores, novos empregos e aumento da
produção. Sem uma indústria desse porte não haveria um desenvolvimento
tecnológico tão grande”, avalia o superintendente do Igea, Paulo
Fernando Ely.