A carga vai cair para o cidadão, por Alfredo Meneghetti Neto*
*Economista da FEE e professor da PUCRS
03/09/2009
No
ano de 2008, a carga tributária brasileira foi de 35,8% do Produto
Interno Bruto (PIB), e, caso seja mantida a tendência de perda de
arrecadação verificada até agora em todas as esferas governamentais, há
estimativas de que ela cairá para 34,8% do PIB em 2009. As perdas que
vêm ocorrendo na receita federal inclusive aumentaram ainda mais nos
últimos três meses. As maiores perdas ocorreram na Cofins, no Imposto
de Renda, na Contribuição Sobre o Lucro Líquido (CSLL) e no Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis, que são tributos
ligados a faturamento, lucro e desonerações. Isso é explicado pela
crise econômica, que provoca diminuição de vendas e desemprego,
dificultando as finanças do cidadão.
Com a crise, os governos de
todos os países foram chamados a encontrar recursos para superar
obstáculos. Todos os países reduziram os impostos e as taxas de juros
para aumentar o investimento privado. A política de reduzir impostos é
mais fácil, porém o melhor seria aumentar a despesa, mas nem sempre
existem projetos prontos que possam ser implementados rapidamente. A
limitação de recursos disponíveis pode fazer com que as tensões
internas cresçam, principalmente a demanda por políticas sociais.
Melhorar a qualidade da governança, combatendo a evasão fiscal e
utilizando de forma eficiente os recursos arrecadados, será obrigatório.
No
Brasil, já está em curso uma recuperação vinda das empresas e,
principalmente, dos 140 mil cidadãos com potencial de investimento
acima de US$ 1 milhão, segundo o Banco Votorantim. Só para se ter uma
ideia, esse mercado (de private banking) chega a R$ 260 bilhões e
começou a crescer nos últimos meses, puxado tanto pelos resultados
positivos das empresas quanto pelos ganhos rápidos do mercado
acionário. Já os cidadãos de classe média, que antes nunca deram valor
às lições de economia, estão começando a fazê-lo a partir de agora,
pois se foram os tempos em que se podia comprar, viajar e esbanjar e,
ao invés de pagar à vista, parcelar, usando o cartão de crédito,
comprometendo o salário futuro! A carga tributária e as taxas de juros
mais baixas podem fazer com que os empresários e as instituições lidem
com o dinheiro de forma mais madura. Resta à classe média fazer o
mesmo, planejando e investindo para um futuro mais seguro, o que, por
sorte, está merecendo atenção da mídia, que muito está fazendo pela
iniciação financeira. Esse é o caminho encontrado com a crise, apesar
de não prevenir de outras que poderão ocorrer.
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