Treze
meses antes das eleições de 2010, Yeda fez nova mudança na equipe,
desta vez com o objetivo de reforçar o governo para a disputa
eleitoral. Deu maior peso ao PP, alçado ao comando da Casa Civil. A
ideia é assegurar um aliado fiel antes do início da campanha. Os novos
secretários devem ditar o rumo da gestão pelo menos até abril, quando
deve haver nova reforma em razão da saída dos que pretendem concorrer.
Da equipe original, restam apenas
sete titulares.
Com a
estratégia de preparar a disputa da sucessão estadual em 2010, a
governadora Yeda Crusius fez ontem nova reforma do secretariado. Entre
as quatro mudanças anunciadas, está a nomeação do quarto chefe da Casa
Civil em 33 meses de gestão. Caberá ao ex-presidente da Assembleia
Legislativa Otomar Vivian (PP) comandar em ano eleitoral a pasta que é
o elo entre o Legislativo e o Executivo.
A Casa Civil se torna a
pasta de maior relevo ocupada pelo PP, que comanda outras três
secretarias: Agricultura, Cultura e Ciência e Tecnologia. Como o PMDB
deve desembarcar do primeiro escalão até o final do ano e terá
candidato próprio a governador, Yeda resolveu fortalecer a presença na
equipe do PP, partido com 147 prefeitos eleitos e nove deputados na
Assembleia. Interlocutores dizem que a ideia é alçar a legenda ao posto
de aliado mais importante, garantindo uma composição para o pleito do
próximo ano.
Antes
mesmo do anúncio de ontem, o PP já era cotado para indicar o vice de
Yeda na eventual disputa pela reeleição, uma vez que antigos parceiros,
como DEM e PDT, já estão na oposição. O PPS permanece fiel ao governo,
mas é uma sigla pequena no Estado. O PTB é assediado pelo PMDB e pelo
PT e ainda não definiu seu futuro.
Com um secretário experiente
na vitrina política, Yeda tentará mais uma vez ajustar a relação entre
governo e parlamentares. No Piratini, predomina a avaliação de que os
resultados administrativos, como o zeramento do déficit (equilíbrio
entre receita e despesa) são bons, mas o Executivo falha na
comunicação. O então chefe da Casa Civil, José Alberto Wenzel (PSDB),
do partido de Yeda, era criticado pela falta de autonomia e sintonia
com os deputados. Agora, Otomar atuará junto com um correligionário, o
líder do governo na Assembleia, Pedro Westphalen (PP).
–
Vamos ao encontro da sociedade. Estaremos voltados para um
estreitamento cada vez maior com o Legislativo – relatou o novo
secretário.
PSDB mantém Educação após saída de Mariza
Às 16h30min de ontem, a governadora sinalizou motivações eleitorais ao confirmar Otomar na Casa Civil:
–
Em 2010, teremos sob as regras da lei um grande debate com todos os
gaúchos sobre a importância histórica de reafirmar esse projeto. Até
lá, os resultados do nosso modo de governar devem ser cada vez mais
percebidos e analisados como política que busca melhorias. Agora, vou
poder estar presente, mais junto, ali onde a coisa acontece, junto aos
gaúchos.
Apesar da aproximação com Yeda, o presidente estadual
do PP, Jerônimo Goergen, disse que a aliança eleitoral não será
automática e dependerá de decisão da base partidária. Hoje, haverá
reunião da sigla, dividida sobre o rumo a tomar no próximo ano.
–
A governadora disse, claramente, que as mudanças são para ela poder
fazer política. Ontem (terça-feira), tive a plena convicção de que ela
pretende ser candidata. Não pedimos ampliação de espaço. Fomos
surpreendidos com esse convite de Yeda – relatou Goergen.
Após
pressão do PSDB na última hora, a governadora remanejou Wenzel para a
Secretaria de Relações Institucionais no lugar de Celso Bernardi (PP).
Os tucanos reclamavam que o PP teria cinco secretarias caso
permanecesse à frente das Relações Institucionais. Bernardi chegou a
ser sondado para a Casa Civil, mas indicou Otomar. Bernardi assumirá a
função de diretor de Operações do BRDE, vaga de Otomar.
Outras
mudanças também foram anunciadas. A servidora de carreira Ana Pellini
ocupará a Secretaria-Geral de Governo com a saída do titular, Erik
Camarano. À frente da pasta de Educação ficará o tucano Ervino Deon,
ex-vereador de Cachoeirinha e diretor-geral da SEC na equipe de Mariza
Abreu. A ex-secretária retornará a Brasília.
–
O objetivo é fazer um reforço político. O PP é um dos principais
partidos de sustentação do governo. A governadora já está preparando
2010 – afirmou o secretário-geral do PPS, Sérgio Camps de Morais.