A crise na Receita Federal
26/08/2009
Os
desdobramentos dos pedidos de demissão de altos servidores da Receita
Federal deram origem a uma situação em que as disputas políticas
acabaram por entrar em choque com o trabalho técnico do órgão. O
inédito desligamento em bloco levou a uma preocupação sobre a
continuidade dos mecanismos de arrecadação do poder público, os quais,
goste-se ou não, são decisivos para que haja recursos para que a
administração pública possa cumprir com seus compromissos em diversas
áreas, como educação, saúde e segurança pública. A
crise, supostamente, teve seu início quando a ex-secretária da Receita
Federal Lina Vieira houve por bem fiscalizar com mais rigor as contas
da Petrobras, a menina dos olhos do governo federal. A suspeita era a
de que os tributos devidos não estavam aferidos de maneira correta e
havia manobras contábeis com o fito de pagar menos impostos e
contribuições. A multa do órgão fiscalizador à estatal acelerou a CPI
da Petrobras e despertou a ira da cúpula governista com a então chefe
da fiscalização. Outro desdobramento ocorreu por
conta de um pedido que teria sido feito a Lina Vieira pela ministra
Dilma Rousseff, da Pasta da Casa Civil, para que houvesse uma
agilização nos levantamentos que estavam sendo feitos nas contas das
empresas de Fernando Sarney, filho do senador José Sarney (PMDB-AP),
presidente do Senado. A ministra nega o pleito e o encontro. O
governo federal está anunciando que encara a debandada com naturalidade
e que está tomando as devidas providências para regularizar o trabalho
de acompanhamento do recolhimento de tributos para o Erário. Fica a
preocupação de que isso seja feito de maneira equilibrada para que o
trabalho seja realizado de uma forma isenta, sem as contumazes
ingerências políticas capazes de gerar tratamentos díspares entre
contribuintes, rompendo com o princípio da impessoalidade. A
população brasileira espera que o serviços públicos sejam prestados de
forma eficiente. Para tanto, é necessário um corpo técnico eficaz para
atuar de forma a impedir sonegações e outros expedientes danosos aos
cofres públicos. A pacificação da Receita Federal é uma necessidade.
Esse processo deve ser feito de forma a que os envolvidos priorizem os
interesses maiores do país.
(Fonte: EDITORIAL CORREIO DO POVO)
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