Pelo
menos sete servidores com posições de chefia no Rio Grande do Sul
colocaram ontem seus cargos à disposição da Receita Federal. A decisão
foi justificada como ato de solidariedade ao ex-superintendente Dão
Real Pereira dos Santos, que deixou o cargo na segunda-feira, e também
como abertura de caminho para que o novo superintendente, Paulo Renato
Silva da Paz, nomeado ontem, possa montar sua equipe de acordo com a
filosofia de trabalho que quiser implantar. Segundo Marcelo Ramos
Oliveira, superintendente-adjunto que está deixando o cargo, também
saem com ele a outra superintendente-adjunta Jussara Mendes da Silva, o
assessor da superintendência Victor Ruschell, a chefe de Gestão de
Pessoas Maria Regina Duarte, a chefe do Serviço de Maiores
Contribuintes Sandra Dytz, o chefe da Divisão de Fiscalização Luiz
Antônio Santos e o delegado da Receita em Porto Alegre Carloci Diforena.
Alguns delegados no Interior também indicaram que poderão seguir os mesmos passos. Todos são funcionários de
carreira e
vão voltar para as áreas técnicas do órgão federal.
Lina divulgou carta com críticas a exonerações
A
ex-secretária do órgão Lina Vieira rompeu o silêncio pela primeira vez
desde que confirmou, no Senado, que se encontrou com a ministra-chefe
da Casa Civil, Dilma Rousseff, num encontro que tratou da investigação
das empresas da família Sarney. Dilma nega o encontro e o assunto. Ela
divulgou na noite de ontem uma nota na qual chama a exoneração de
chefes da Receita de “perigoso recuo”.
Na segunda-feira, cinco
servidores ligados à ex-secretária foram exonerados pelo atual chefe da
Receita, Otacílio Cartaxo, e outros 12 pediram para deixar os cargos em
retaliação ao que eles alegam ser uma mudança de rumo na Receita.
“Esses colegas são pessoas sérias, de competência inquestionável, cujo
único pecado foi o compromisso com um projeto de uma Receita Federal
independente e focada nos grandes contribuintes”, escreveu Lina. E
acrescentou: “As instituições de Estado somente poderão exercer o seu
papel constitucional se compostas por servidores que primem pela ética
no serviço público, imunes a influências políticas de partidos ou de
governos. Os governos passam, o Estado fica e, com ele, os servidores
públicos”.