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12 chefes do Fisco deixam cargos

25/08/2009

Dão Real Pereira dos Santos, superintendente do órgão no Rio Grande do Sul, abandona o comando nove meses após assumir



Pelo menos 12 integrantes da cúpula da Receita Federal, entre eles o superintendente do órgão no Rio Grande do Sul, Dão Real Pereira dos Santos, colocaram ontem seus cargos à disposição, em protesto contra as exonerações de dois assessores ligados à ex-secretária Lina Vieira.

Além de Santos, outros quatro superintendentes regionais comunicaram, por meio de carta, que deixariam os cargos, juntamente com coordenadores e o subsecretário de Fiscalização, Henrique Jorge Freitas da Silva.

Ontem, o Diário Oficial da União trouxe as exonerações dos assessores Alberto Amadei Neto e Iraneth Maria Dias Weiler, assinadas pelo secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo. As demissões foram interpretadas pelo grupo de servidores como ato político do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Neto era assessor de Lina, e Iraneth, chefe de gabinete da ex-secretária.

A decisão do grupo provocou efeito cascata em outros níveis de comando da Receita, o que ameaça paralisar o Fisco. No início da noite de ontem, delegados, inspetores, chefes de departamento e superintendentes adjuntos também avisaram que deixarão suas funções.

Declaração a favor de Lina influiu na demissão de Iraneth

Lina e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, estão há três semanas envolvidas em uma situação embaraçosa. Em entrevista, a ex-secretária afirmou ter se encontrado com Dilma no final do ano passado, quando ela teria lhe pedido para agilizar as investigações sobre familiares do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o que foi interpretado por Lina como um pedido para que paralisasse as investigações. Dilma negou o encontro e desmentiu Lina. À imprensa, Iraneth confirmou a versão da ex-secretária do Fisco – o que aumentou o volume das críticas da oposição contra a ministra, favorita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a sucessão presidencial.

Assim, na visão dos demissionários, Iraneth e Neto foram demitidos por terem mantido fidelidade a Lina, em prejuízo dos objetivos políticos do Planalto. Na carta, os servidores explicam a medida a partir de notícias veiculadas pela imprensa dando conta de que o ministério tem a intenção de afastar outros administradores do comando da Receita.

Cartaxo começou a dar sinais dos novos rumos do órgão na semana retrasada, quando fez uma interpretação favorável de uma manobra contábil adotada pela Petrobras em meados de 2008. Na gestão de Lina, a Receita soltou nota com entendimento contrário. O episódio serviu de estopim para o governo demitir a secretária.

Na madrugada de sexta-feira, o levante contra Cartaxo ganhou força. Numa reunião em sua casa em Brasília, ele anunciou exonerações e disse aos presentes que, em razão de pressões do ministro Mantega, não teria como segurar Henrique Jorge Freitas, o subsecretário de Fiscalização, um dos 12 que entregaram o cargo ontem.

O aviso foi interpretado pelos dirigentes da Receita como indicativo de recuo na política de cerco aos grandes contribuintes – uma marca da curta gestão de Lina e que gerou, no primeiro semestre deste ano, um recorde de autuações.


(Fonte: Zero Hora)

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