A
conta não podia ser outra. As medidas necessárias para reduzir o
tamanho do rombo da turbulência econômica nos mercados em território
nacional fizeram a arrecadação da União encolher. Ao abrir mão de
tributos, como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), para
estimular a retomada da indústria, a arrecadação de impostos e
contribuições federais somaram R$ 58,672 bilhões no mês de julho. Os
dados, divulgados na quinta-feira pela Receita Federal, indicam uma
queda real, descontada a inflação, de 9,38% em relação ao mesmo mês do
ano passado. O resultado também foi influenciado pela queda no lucro
das empresas, atingidas pela retração da atividade econômica. É a nona
queda consecutiva da arrecadação na comparação com o mesmo mês do ano
anterior, período que coincide justamente com o auge do furacão da
crise financeira mundial no Brasil, que foi outubro do ano passado.
Na
comparação com junho de 2009, a arrecadação teve um crescimento real de
8,32%. No acumulado de janeiro a julho, o recolhimento de impostos e
contribuições federais totalizou R$ 380,048 bilhões, uma queda real de
7,39% em relação aos sete primeiros meses de 2008. As chamadas receitas
administradas do período de janeiro a julho deste ano totalizaram R$
368,624 bilhões, o que representa uma queda real de 6,39% em relação ao
mesmo período de 2008.
Já as demais receitas (taxas e
contribuições controladas por outros órgãos) somaram, em julho, R$
2,946 bilhões, com uma queda real de 38,70%. No acumulado de janeiro a
julho, as demais receitas totalizaram R$ 11,423 bilhões, com uma queda
real de 31,09% em relação ao mesmo período de 2008.
As receitas
previdenciárias, que estão incluídas entre as receitas administradas,
somaram em julho R$ 15,794 bilhões, o que representa um crescimento
real de 2,98% ante julho de 2008 e de 1,02% em relação a junho deste
ano. No acumulado dos sete primeiros meses do ano, as receitas
previdenciárias totalizaram R$ 107,791 bilhões, com um crescimento real
de 5,42% em relação a igual período de 2008. As desonerações
tributárias ocorridas de janeiro a julho de 2009 totalizaram R$ 14,982
bilhões. As maiores perdas de arrecadação ocorreram no Imposto de Renda
(IR), cujas desonerações somaram R$ 3,825 bilhões; no IPI, com perdas
de R$ 3,321 bilhões; e na Cofins, R$ 3,341 bilhões. Já as compensações
tributárias, segundo a Receita, totalizaram no período R$ 4,3 bilhões.
Os
setores econômicos que registraram as maiores quedas no pagamento de
tributos nos sete primeiros meses de 2009 foram fabricantes, comércio e
reparação de veículos automotores; entidades financeiras; combustíveis;
metalurgia; extração de minerais metálicos e comércio atacadista. Já os
setores que apresentaram os maiores aumentos de recolhimento de
tributos, no período, foram seguros e previdência complementar; obras
de infraestrutura; serviços de arquitetura e engenharia, entre outros.
Em queda
| 2008
| 2009
| Variação
|
Janeiro
| R$ 67,8 bilhões
| R$ 62,9 bilhões
| -7,2%
|
Fevereiro
| R$ 51,9 bilhões
| R$ 45,9 bilhões
| -11,6%
|
Março
| R$ 54,7 bilhões
| R$ 54,1 bilhões
| - 1,1%
|
Abril
| R$ 63,7 bilhões
| R$ 58,3 bilhões
| - 8,5%
|
Maio
| R$ 53,4 bilhões
| R$ 50,1 bilhões
| -6,2%
|
Junho
| R$ 58,6 bilhões
| R$ 54,2 bilhões
| - 7,5%
|
Julho
| R$ 64,7 bilhões
| R$ 58,7 bilhões
| - 9,3%
|
Desempenho no Rio Grande do Sul diminui 3,6%
O
Rio Grande do Sul contribuiu com 5% do total arrecadado pela União,
mantendo sua média histórica. O Estado arrecadou R$ 2,7 bilhões em
julho, 3,6% a menos do total recolhido no mesmo mês do ano passado. “É
que 2008 foi atípico, com resultados muito acima da média, o que deixa
a base comparativa fora do padrão”, explica o superintendente-adjunto
da Receita Federal no Rio Grande do Sul, Marcelo Ramos Oliveira.
Entre
os fatores que contribuíram positivamente no Estado, estão a
centralização do recolhimento do IPI sobre cigarros nos
estabelecimentos produtores e o aumento da alíquota da
Cide-Combustíveis, que elevou o volume recolhido de R$ 36,5 milhões em
julho do ano passado para R$ 49,8 milhões no mesmo mês neste ano. Outro
item positivo foi o pagamento da primeira quota do Imposto de Renda
Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
Esses recolhimentos justificam 11,5 pontos percentuais do índice de
12,4% que foi o crescimento da arrecadação regional total entre junho e
julho de 2009, ou equivalentes a um aumento de R$ 170,3 milhões, em
valores absolutos.
A arrecadação não foi melhor em função das
desonerações tributárias. Somente no quesito IPI automóveis, o Rio
Grande do Sul teve uma perda de R$ 46,6 milhões em julho deste ano na
relação com igual mês de 2008 em função da redução de alíquotas
promovida ao final do ano passado. Também houve queda nos recolhimentos
da Cofins e PIS sobre importações (apenas nesses casos foi constatada
redução de R$ 46,8 milhões).