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Transparência nos salários

20/08/2009
Aguardado com expectativa há mais de um ano, o portal Transparência RS, embora represente avanço para o Estado, acabou frustrando na prática por passar ao largo de uma questão essencial: o salário dos servidores dos três poderes. Alegações como a de que é preciso preservar a privacidade dos funcionários e mesmo a de que há um impedimento legal para isso não se sustentam. Com poucas exceções, entre as quais não se incluem os ganhos, tudo o que diz respeito a governo é público – no Brasil e nas democracias de maneira geral. E, mesmo no país, a prática de divulgar os vencimentos vai se institucionalizando em diferentes instâncias da federação.

O exemplo mais conhecido é o do município de São Paulo, onde o prefeito Gilberto Kassab (DEM) recorreu e obteve na Justiça o direito de publicar no site De Olho nas Contas os salários dos servidores da prefeitura, cumprindo assim uma promessa de campanha. A própria Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2010, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prevê em um de seus artigos a divulgação dos salários percebidos por servidores federais do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. E, até mesmo no mundo corporativo, grandes empresas, como a Usiminas, vêm adotando a prática de divulgar todos os salários pagos. É uma forma de prestar contas aos acionistas que deveria inspirar todo governante preocupado com os direitos dos contribuintes.

No governo gaúcho e em qualquer outra instância da federação, a publicidade dos proventos é particularmente importante em relação aos cargos de confiança. Diferentemente dos dirigidos a concursados, os dispêndios com contratações temporárias são os que mais se prestam para distorções na máquina pública. Por isso, são também os que mais exigem atenção por parte da sociedade e dos órgãos de fiscalização.

Entre os méritos do Transparência RS, estão as facilidades que oferece como instrumento de fiscalização. A proposta, porém, precisa ser ampliada, com a inclusão de outras informações que são públicas ou deveriam ser, como é o caso dos salários.


(Fonte: EDITORIAL ZERO HORA)

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