Controvérsio jurídica e bomba política
11/08/2009
Juridicamente, a ação do Ministério Público Federal (MPF) contra a
governadora Yeda Crusius está marcada por uma série de controvérsias
sobre a forma, o conteúdo e as competências. Tanto, que a juíza Simone
Barbisan Fortes, de Santa Maria, negou o pedido de afastamento da
governadora e, para embasar sua decisão, destacou que 'a presente ação
de improbidade é deveras complexa e, por isso, fica difícil aferir, de
plano, a suficiência de elementos que levem a concluir pela necessidade
de afastamento'. Politicamente, porém, o cenário é outro. As
transcrições de diálogos entre personagens como Lair Ferst e Marcelo
Cavalcante (cuja veracidade é questionada por representantes de réus) e
de conhecidos políticos gaúchos e interlocutores com amplo trânsito e
livre acesso à cúpula do Piratini, não apenas neste governo,
representam verdadeira bomba. Apesar de utilizarem na maior parte do
tempo mensagens cifradas para se comunicarem sobre o andamento de
'negócios', fica escancarado que a pauta era única: os desvios do
Detran gaúcho, a preocupação sobre divisão dos 'benefícios' e sobre a
necessidade de não deixar a fraude vir à tona, para evitar
comprometimentos e o seu fim. Além do descaso com a coisa pública e da
evidente sensação de impunidade, muitos dos diálogos são recheados de
palavrões e marcados por ironias e afirmações pouco ortodoxas sobre
'companheiros' de partido e de governo. De fato, a governadora não
aparece diretamente em nenhuma das gravações, mas as citações a ela são
inúmeras e o peso negativo político das referências, aliado a dúvidas,
a acompanhará até o final de seu mandato.
(Fonte: Taline Oppitz - Correio do Povo)
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