Depois de garantida com a chancela de três parlamentares do PDT, CPI ganha mais 19 assinaturas de siglas que apoiam Piratini
Depois
de meses em banho-maria, o pedido de CPI da Corrupção foi protocolado
ontem na Assembleia com 39 assinaturas – quase metade delas de aliados
de Yeda Crusius e obtidas nas 24 horas transcorridas após o anúncio da
ação civil pública por improbidade administrativa contra a governadora
e mais oito pessoas.
No pedido, constam as assinaturas de dois
réus na ação – Frederico Antunes (PP) e Luiz Fernando Záchia (PMDB).
Com maioria na comissão, os partidos governistas deverão pleitear a
relatoria dos trabalhos e guiar, na prática, os rumos da investigação,
como já havia ocorrido durante a CPI do Detran, entre fevereiro e junho
do ano passado.
O número mínimo de assinaturas exigido para a
formalização do pedido de CPI – 19 deputados – havia sido atingido e
superado em um na véspera, quando três parlamentares do PDT – Giovani
Cherini, Gerson Burmann e Kalil Sehbe – decidiram aderir à proposta.
Ontem, essa cifra foi acrescida de outros 19 parlamentares (nove do
PMDB, seis do PP e quatro do PTB). Com base nos trâmites legais e no
andamento usual dos processos, a expectativa é de que o requerimento já
tenha condições de ser publicado no Diário da Assembleia na
quarta-feira. A partir de então, os partidos terão um prazo de cinco
dias úteis para indicar seus representantes. Seguindo esse calendário,
a CPI poderá ter início no dia 24.
Ao
explicar os motivos que levaram a bancada do PMDB, a maior da base
governista, a assinar o pedido de CPI, o líder, Gilberto Capoani, disse
que a proposição continua sem objeto determinado:
– É uma CPI ampla que poderá não atingir seu objetivo.
Mas, então, por que os deputados do partido assinaram o pedido?
–
A nossa visão é de que se pudesse fazer um trabalho complementar,
examinando tópicos que eventualmente tenham ficado de fora da
investigação feita pela Polícia Federal e pelo Ministério Público
Federal.
PMDB analisa saída do governo
Diante da adesão em
bloco do PMDB quando o requerimento já havia reunido o número mínimo de
assinaturas – e das sabidas reservas de parte da bancada quanto ao
requerimento da CPI –, o clima ontem era de cautela por parte da
oposição.
– Vamos chamar o PMDB ao compromisso de efetivamente
nos auxiliar a levantar toda a verdade. É um partido que tem uma
importância na manutenção deste governo e que tem nomes importantes
envolvidos com a fraude – afirmou a deputada petista Stela Farias, que
deverá presidir a CPI.
A cúpula do PMDB gaúcho se reunirá na
semana que vem para examinar a situação política aberta no Estado com a
ação do Ministério Público Federal, ajuizada na quarta-feira. A pauta,
segundo Capoani, poderá incluir a saída dos peemedebistas do governo
Yeda. Oficialmente, o partido já havia decidido abandonar a
administração em razão da intenção de lançar candidatura própria ao
Piratini em 2010. A data da saída, no entanto, ficará em aberto. A
cúpula aguardava a manifestação do Ministério Público para definir o
momento do desembarque. Nos bastidores, os peemedebistas estão
divididos entre os que propõem a saída imediata – a ala do
ex-governador Germano Rigotto –, no final deste ano – o deputado
estadual Alexandre Postal, entre outros – e no início do ano que vem. A
definição será tomada nos próximos dias, à luz do episódio da ação
contra Yeda e os aliados.
–
A decisão poderia ter sido facilitada se lá atrás tivesse sido
estabelecida data de desembarque. Agora, vai ter de se decidir em cima
de um quadro novo – avalia Rigotto.
O PP, que contribuiu com
seis assinaturas para o pedido de CPI, descarta voltar a debater a
saída do governo em razão dos últimos acontecimentos. De acordo com o
deputado Jerônimo Goergen, presidente estadual do PP, o partido se
preocupa com a governabilidade do Estado:
– Essa discussão de se vai sair ou ficar no governo é precipitada. Estamos diante de um quadro
político de enorme instabilidade. Não
queremos ser oportunistas.
O
PT, por sua vez, decidiu adotar uma estratégia dupla na Assembleia: ao
mesmo tempo que impulsiona a CPI, estimula o debate sobre os pedidos de
impeachment protocolados na Casa.