MPF quebra silêncio sobre Detran
05/08/2009
Procuradores anunciam na tarde de hoje ações que resultam de novas investigações sobre corrupção no governo do Estado
Depois
de meses de expectativa, o Ministério Público Federal (MPF) promete
revelar às 15h de hoje desdobramentos da Operação Rodin, que investigou
fraude de pelo menos R$ 40 milhões no Departamento Estadual de Trânsito
(Detran).
A força-tarefa responsável pelas investigações se
manifestará em entrevista coletiva na sede da Procuradoria da República
no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Oficialmente, o MPF se limita a
dizer que apresentará “esclarecimentos sobre o trabalho realizado”.
Profissionais com trânsito no MPF avaliavam ontem, porém, que deve ser
confirmado o ajuizamento de ação civil pública contra autoridades
detentoras de fórum privilegiado – entre eles deputados e dirigentes de
órgãos públicos – e ex-secretários de Estado.
A preparação da
ação civil pública foi noticiada por Zero Hora no dia 30 de junho. A
iniciativa ganhou fôlego a partir de informações que o MPF recebeu, em
abril, de um dos réus do processo criminal da fraude no Detran, Lair
Ferst. A ação civil dos procuradores da República trata de supostos
atos de improbidade relacionados à fraude no departamento que teriam
sido cometidos por agentes públicos. Transcrições de diálogos captados
com autorização judicial durante a investigação da fraude devem ocupar
a maior parte das centenas de folhas da ação. A expectativa é de que,
além de pedidos de diligências como busca e apreensão, os procuradores
solicitem à Justiça Federal afastamento do cargo e bloqueio de bens de
alguns dos investigados.
PF entregou a procuradores depoimento de Buchmann
O
texto da ação deve conter hiperlinks, ferramenta que possibilita o
acesso aos áudios selecionados no documento como provas de supostas
irregularidades. Depois de dedicar os últimos dias à revisão do
material, os procuradores ainda discutiam ontem se divulgariam os
áudios.
O trabalho que embasa a ação está sendo realizado
paralelamente à instrução do processo criminal que já tramita em Santa
Maria. Quando fizeram a denúncia criminal de 44 suspeitos de
envolvimento na fraude do Detran, em maio do ano passado, os
procuradores disseram não ter, naquele momento, elementos que
indicassem a participação de pessoas com foro privilegiado. Mas já
estavam atentos a indícios envolvendo agentes públicos, e a
investigação prosseguiu.
Ontem,
o superintendente da Polícia Federal (PF), delegado Ildo Gasparetto, e
o delegado Gustavo Schneider, que presidiu o inquérito da Operação
Rodin, entregaram ao MPF a degravação do depoimento de Sérgio Buchmann,
ex-diretor-presidente do Detran. Procuradores que atuam na força-tarefa
da Rodin também receberam as informações em áudio e vídeo, gravações
feitas no dia em que Buchmann esteve na PF. O ex-presidente do Detran
prestou depoimento dias antes de deixar o cargo. Por sugestão do
Ministério Público Estadual, ele repassou dados aos quais teve acesso
durante sua gestão na autarquia.
Nos 77 dias em que permaneceu no cargo, Buchmann chocou-se com o Piratini em relação à suposta dívida de R$ 16,2
milhões cobrada pela
Atento Service, que prestava serviço de guincho e depósito ao Detran.
O
encaminhamento mais provável – em razão do fato de as informações
restadas por Buchmann envolverem pessoas com foro privilegiado – é de
que o material seja submetido à análise da Procuradoria-Geral da
República.
(Fonte: Zero Hora)
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