Chama-se
Ônix o projeto de R$ 2 bilhões confirmado ontem pela GM. Essa pedra
preciosa, da família dos quartzos, ocorre com frequência no Uruguai, na
Argentina e no Brasil – que tem o Rio Grande do Sul como maior
produtor, assim como a GM a partir de 2012
Foi ao som de uma
fanfarra de banda que a governadora Yeda Crusius assinou ontem a
proposta de prorrogação dos incentivos que deve dar à expansão da
General Motors condições semelhantes – mas não iguais – às concedidas
em 1997, quando a montadora chegou ao Estado.
A proposta deve
ser enviada hoje à Assembleia, concedendo prazo total de 22 anos para
pagamento de 75% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS) gerado pela nova produção de 150 mil carros ao ano em Gravataí,
que começa em 2012.
Em Brasília e em Porto Alegre, os dois
momentos do anúncio oficial do investimento, a celebração foi
descontraída. As idas e vindas sobre os incentivos à segunda ampliação
da GM no Estado invadiram até os discursos.
– A gente achava que o Aod (Cunha, secretário
da Fazenda que deixou o cargo em janeiro, depois de encaminhar a
negociação) era difícil, mas o Ricardo (Englert, seu substituto) é
pior. Além de pão-duro, é miserável. Antes, a gente tinha refrigerante
quente e sanduíche frio, mas agora até a água, se bobear, é da torneira
– brincou o vice-presidente da GM, José Carlos Pinheiro Neto.
–
O Ricardo não é pão-duro. Nosso café é quente, nossa água mineral é da
melhor qualidade. Todos os que vierem fazer negociação conosco serão
muito bem tratados – apressou-se a rebater a governadora, acrescentando
que faria “um blend” (mistura) com o café colombiano, referência à
origem do presidente da GM, Jaime Ardila.
No governo, não
transparece o temor de polêmica para aprovação do incentivo à GM, mas
no final da cerimônia o secretário da Casa Civil, José Roberto Wenzel,
foi direto para uma reunião em que discutiria a estratégia a ser usada
com os parlamentares. Segundo Wenzel, a proposta irá em regime de
urgência – se não for apreciada em 30 dias, impede a votação de outros
projetos. Como amanhã começa o recesso, o prazo venceria em 31de agosto.
Primeiro
investimento de vulto de uma grande montadora depois do impacto da
crise global no setor e maior já feito em Gravataí, o projeto Ônix
receberá R$ 2 bilhões – R$ 1,4 bilhão para o Estado e outros R$ 600
milhões para o desenvolvimento em outras unidades da companhia.
–
Hoje é um dia histórico. É o maior investimento da história da GM no
Brasil, e a unidade de Gravataí será a maior fábrica no Mercosul.
Estamos comprometidos com o futuro do Rio Grande do Sul, como vocês têm
se comprometido conosco – frisou Ardila.
Devem ser geradas mil
vagas apenas na GM, reiterou o presidente. Hoje, a unidade tem 2,5 mil
funcionários, enquanto no complexo o total chega a 5,2 mil. Com base em
cálculos de especialistas, o presidente da GM projeta em 7 mil o número
total de empregos diretos e indiretos criados pela expansão. O
secretário do Desenvolvimento, Márcio Biolchi, confirmou que a
necessidade de insumos deverá trazer outros projetos para o Estado,
dentro e fora do complexo, para os quais o governo já está atento.
Pela
manhã, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia
alfinetado os executivos da GM. Chamara a atenção para o contraste
entre o volume do investimento e as demissões feitas pela empresa no
final do ano passado:
– Se a GM não tivesse diminuído sua produção, teria vendido mais – dissera Lula.
Foram
apenas 40 minutos no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) – sede
provisória do governo federal –, a portas fechadas. Lula ressaltara a
importância dos bancos públicos para a economia do país, destacando
Banrisul e o BRDE. Em entrevista depois do ato oficial, Ardila
comentara:
– O Brasil não foi impactado de forma alguma. Estamos aumentando nossa capacidade por apostar no mercado doméstico.
IARA LEMOS E MARTA SFREDO