Respostas inadiáveis
07/07/2009
Diante das denúncias encaminhadas ao procurador-geral da República
sobre irregularidades na campanha eleitoral e na administração do
Estado, a governadora Yeda Crusius e outras pessoas citadas na
investigação devem explicações convincentes ao povo gaúcho. A
reportagem que este jornal publicou ontem – com a confirmação de dados
fornecidos por um dos acusados, o empresário Lair Ferst, aos
procuradores federais – apresenta detalhadamente ocorrências e
suspeitas que, se comprovadas, configuram irregularidades, ilegalidades
ou até crimes. Diante de tantos indícios, é preciso abreviar a
burocracia dos órgãos públicos que apuram as denúncias, pois vários
envolvidos estão na administração ou investidos de representatividade
popular. Não pode pairar qualquer dúvida sobre a conduta ética e a
integridade de quem atua em nome dos cidadãos.
É evidente que,
como em qualquer situação envolvendo acusações ou suspeitas num Estado
democrático de direito, os acusados devem gozar da presunção de
inocência. Ninguém pode ser considerado culpado a não ser depois de
sentença condenatória transitada em julgado. Esse direito não
significa, no entanto, uma licença para que pessoas públicas se
esquivem de prestar esclarecimentos à sociedade, especialmente quando
surgem acusações formuladas com tantos detalhes. Do dever de prestar
informações transparentes, inequívoco no que se refere aos suspeitos,
não podem ser excluídos os demais agentes públicos, a começar pelas
autoridades que têm papel fiscalizatório, como os policiais federais e
os procuradores. Há fatos objetivos a serem enfrentados, desde o
suposto uso indevido de recursos arrecadados durante o período
eleitoral até as suspeitas levantadas sobre mais de 30 pessoas e
empresas. Como pano de fundo, a questão onipresente do caixa 2 das
campanhas eleitorais, usina da maioria dos escândalos brasileiros.
Neste
contexto, não parecem suficientes os esclarecimentos da nota oficial do
governo do Estado, de ontem, que responde às acusações dizendo que elas
não contêm elementos novos. Embora os fatos relatados façam parte de um
conjunto de denúncias já formuladas anteriormente, é a primeira vez que
aparece o timbre oficial do Ministério Público Federal na investigação,
confirmando o andamento do processo. Enquanto esses fatos não forem
amplamente esclarecidos, quem perde com a interminável polêmica é o Rio
Grande. Para que os gaúchos superem logo esses lamentáveis episódios e
em nome das necessárias condições de governabilidade, as denúncias
devem ser definitivamente elucidadas.
(Fonte: EDITORIAL ZERO HORA)
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