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Sem fiscalização, arrecadação do setor de combustíveis despenca no RS
19/06/2009
A arrecadação de ICMS sobre o setor de combustíveis no Rio Grande do Sul é vítima
de um fenômeno estranho aos demais estados brasileiros. Mesmo representando a
maior geração de impostos, com o equivalente a 20% do total arrecadado, o setor
registrou desempenho negativo de 5,29% nos últimos cinco anos, sofrendo um
impacto inverso ao previsto com o aumento
de alíquotas promovido pelo governo gaúcho a partir de 2005.
Analisando o resultado da arrecadação setorial sob a
vigência de tais alíquotas verifica-se que o setor de comunicações respondeu
pelo aumento de 37,04% no ano de 2005 e 40,55% no ano de 2006. O setor de
energia elétrica também apresentou um desempenho positivo de 27,15% no ano de
2005 e de 7,71% em 2006, lembrando que neste setor houve isenção para os
consumidores residenciais de até 50 kw. Enquanto isto, o setor de combustíveis,
no mesmo período, apresentou desempenho bem inferior. A arrecadação do setor cresceu,
apenas 1,59%em 2005 e 1,20% no ano de 2006, período de vigência das alíquotas
majoradas, mostrando-se insensível a aumentos ou diminuição de tributação, bem
como incrementos na economia. É importante registrar que as dificuldades das
empresas que atuam nos setores de energia elétrica e comunicações de sonegarem
impostos não existem no setor de combustíveis, onde a falta de fiscalização
propicia facilidades e incentivo às empresas inidôneas.
Diagnóstico da
sonegação
De acordo com levantamentos realizados pelo Afocefe
Sindicato, por ser um produto de alto valor agregado e com grande tributação, o
setor é atingido pela adulteração que é a causa da sonegação fiscal. As mais
conhecidas formas de adulteração são o excesso de adição de álcool e solventes à
gasolina, substâncias de composição química semelhantes à gasolina. Cabe
salientar que os solventes são altamente corrosivos e comprometem toda e
qualquer parte do motor com a qual entrem em contato.
A adulteração existe pela vantagem econômica da utilização
de substâncias químicas de composição similares à da gasolina e da adição
excessiva álcool na gasolina. O próprio álcool adicionado sofre adulteração
pela mistura excessiva de água em quantidade superior à permitida, sendo o
combustível brasileiro considerado um dos piores do mundo.
Consequências
Do governo aos consumidores, a adulteração dos
combustíveis atinge todos os setores da sociedade e da cadeia de
comercialização de veículos automotores. Para os consumidores aparece como
problemas de mau funcionamento, aumento do consumo, comprometimento do
desempenho e menor vida útil dos motores. Para o Estado no desestímulo à
competição comercial na busca de combustíveis alternativos, como no caso do biodiesel
e do álcool, além é claro, da sonegação de tributos. Nas cidades a adulteração
é prejudicial à saúde da população, pois acarreta em aumento da poluição
atmosférica.
Para os produtores, a conseqüência é a falta de competitividade,
principalmente para os que dependem de alta tecnologia. Já para os distribuidores e postos revendedores
o resultado é a concorrência desleal. Depoimentos na CPI da Assembléia Gaúcha,
encerrada em março de 2006, confirmam que este delito é praticado, em grande
parte, nas próprias distribuidoras.
A solução
Ciente de que todos os problemas crônicos do setor de
combustíveis, estão vinculados ao crime organizado, à lavagem de dinheiro, à
sonegação de impostos, e à concorrência desleal, o Afocefe Sindicato, durante o
ano de 2004 e 2005, apresentou projeto de fiscalização ostensiva no combate às
fraudes neste setor, que não foi colocado em execução por interesses
corporativos, históricos na Secretaria da Fazenda, que se sobrepõem aos
interesses públicos.
O governo e a Secretaria da Fazenda tiveram
conhecimento do projeto através de sua apresentação Conselho de Desenvolvimento
Estadual, que recomendou sua imediata aplicação e em audiência com o Secretário
da Fazenda, com a apresentação da proposta pela diretoria do Afocefe. O Legislativo gaúcho, por sua vez, conheceu o
projeto através da Comissão de Finanças,
quando examinou a crise financeira do Estado.
Na prática, o projeto tem como
objetivo aumentar a arrecadação do ICMS do setor, dificultando as adulterações
e a concorrência desleal entre os fornecedores. A ação proposta consiste na implantação,
pela Secretaria da Fazenda, de lacres fiscais nas bombas de combustíveis, da
ampliação da fiscalização ostensiva em barreiras interestaduais e postos de combustíveis de todo o Estado.
É óbvia a conclusão de que a causa do
índice negativo de desempenho da arrecadação de ICMS no setor deve-se à
ausência de fiscalização, que incentiva todo o tipo de fraude. O mais
preocupante é o fato de que no Rio Grande do Sul o combate a sonegação é
realizado pelo Ministério Público e pela polícia, não pela Secretaria da
Fazenda.
Outras medidas que podem ser adotadas
1. Acompanhamento da movimentação de caminhões-tanques principalmente de Álcool, especialmente nas operações interestaduais, convênio que pode ser feito com os demais estados;
2. Redução da alíquota do ICMS do Álcool Hidratado com o fim de desestimular a venda irregular, medida adotada pela SEFAZ do Estado de São Paulo.
3. Uniformização da alíquota do álcool para fins industriais.
4. Na questão dos solventes, é necessário monitorar a movimentação e comercialização (semelhante ao controle existente para os produtos que podem ser utilizados na fabricação de drogas);
5. Cassação da Inscrição Estadual – para agentes envolvidos na adulteração de combustíveis, medida aprovada pela Assembléia Legislativa Gaúcha;
6. Confisco e/ou perdimento do produto adulterado.
7. Fiscalização e Repressão às irregularidades de forma coordenada utilizando serviços de inteligência coordenados pela ANP e envolvendo, Ministérios Públicos, Polícias, Secretarias de Fazenda e Receita Federal.
8. Em continuar a tramitação da reforma tributária, é necessário uniformizar as alíquotas em todo o país.