Campanha contra Yeda divide entidades
12/02/2009
Sindicatos liderados pelo Cpers apresentam hoje peça publicitária contra o governo
Ao apontar o governo Yeda Crusius como “a face” de mazelas como corrupção, violência e autoritarismo, a campanha bancada por 10 sindicatos do funcionalismo abriu uma controvérsia paralela: a separação e os limites entre a crítica política e o ataque pessoal. Entendimentos distintos sobre o conteúdo da campanha dividem entidades de servidores, algumas das quais foram convidadas para aderir à campanha, e recusaram.
Desde o início do mês, outdoors – 300, segundo o Cpers-Sindicato – foram espalhados pelo Estado. A Interlig Propaganda, que elaborou a campanha, diz que são 400. As peças sugerem que será revelada hoje a face da corrupção, destruição, mentira, autoritarismo, arrocho salarial e violência. As peças exibem um rosto borrado, atiçando a curiosidade do público.
A revelação do suposto rosto dos problemas do Estado – que deve ser o da governadora Yeda Crusius – será feita num ato público as 16h de hoje no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. Em seguida, os manifestantes fazem uma caminhada até a Esquina Democrática. Novos outdoors deverão aparecer a partir de amanhã e permanecer nas ruas até março. As entidades não revelam o custo das peças.
– A campanha tem seis eixos e visa a dizer que existe uma cara para o conjunto de denúncias que estamos apresentando – limita-se a dizer a presidente do Cpers, Rejane de Oliveira.
A campanha é assinada pelo Fórum Unificado dos Servidores Públicos do Estado, uma das três correntes em que se dividem os servidores. Não aderiram a Federação Sindical dos Servidores (Fessergs) e a União Gaúcha em Defesa da Previdência Pública.
Nem todas as associações apoiam a campanha. Chamada a participar, a Associação Beneficente Antônio Mendes Filho dos Cabos e Soldados da BM (Abamf) recusou o convite. Um dirigente ligado ao Sindicato dos Técnicos do Tesouro do Estado (Afocefe) considera a iniciativa contaminada por questões partidárias e avalia que siglas da oposição estariam por trás da ação. O presidente do Sindicato dos Técnicos-Científicos do Estado (Sintergs), César Chagas, afirma que a entidade não tem recursos e prefere investir em negociações a fazer enfrentamentos do ponto de vista político e partidário. O presidente da Associação dos Delegados de Polícia (Asdep), Wilson Müller, diz que o movimento parece ter “cunho ideológico”.
– É algo propagandista demais. Críticas políticas têm terreno próprio – diz o presidente da Associação dos Defensores Públicos, Cristiano Heerdt.
Ex-presidentes do Cpers, Simone Goldschmidt e Juçara Dutra Vieira defendem a iniciativa, ressaltando que o atual governo, na visão delas, apresenta uma política educacional contrária aos interesses da população.
– É uma campanha que faz denúncias contrárias ao projeto de Yeda – diz Simone.
Para ex-governadores, as manifestações dos funcionários são parte da democracia, mas devem respeitar os limites da honra e da dignidade do dirigente.
– Apanhei como um cachorro do Cpers e do PT na oposição. Não se constrói democracia com agressões – diz Alceu Collares (1991-1994).
Germano Rigotto (2003-2006) lembra que chegou a receber professores vestindo uma camiseta que exibia um coração, símbolo da sua campanha, atravessado por um escorpião:
– Se a campanha é injusta, descabida e violenta, é preciso ter consciência de que não vai pegar. A população vai se voltar contra a entidade responsável.
Quem financia a campanha |
As 10 entidades sindicais do funcionalismo que estão por trás dos outdoors: |
> Cpers-Sindicato |
> Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas e de Fundações Estaduais (Semapi) |
> Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia (Ugeirm) |
> Sindicato dos Servidores da Justiça do RS (Sindjus) |
> Federação dos Bancários do Rio Grande do Sul (FEEB-RS) |
> Sindicato dos Servidores da Caixa Econômica Estadual do RS (Sindicaixa) |
> Sindicato dos Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul (Sindsep-RS) |
> Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Estado do Rio Grande do Sul (Sindiágua-RS) |
> Sindicato dos Servidores do Detran (Sindet-RS) |
> Sindicato dos Servidores do Ministério Público do RS (Simpe-RS) |
(Fonte: Zero Hora)
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