Pela primeira vez em oito anos, não houve cartazes contra os Estados Unidos e queima da bandeira americana no primeiro dia de atividades do Fórum Social Mundial, ontem, em Belém (PA).
Mas as mudanças no espírito do evento vão além. A passeata de abertura, na terça-feira, passou em frente a uma loja da rede de fast-food McDonald’s – e não aconteceu nada.
Como se sintetizasse a nova fase, o jornalista espanhol Ignacio Ramonet, diretor do jornal Le Monde Diplomatique, um dos inspiradores do Fórum, disse que se o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, “desse uma volta” pelo encontro, seria aclamado pelos ativistas. O antecessor de Obama, George W. Bush, esteve entre os maiores alvos de críticas nas edições anteriores do Fórum.
Para Ramonet, Obama “representa uma esperança” e transmite “novos valores” à política dos EUA, “o que pode levar a que a ética, a política e a moral finalmente se reconciliem” em Washington. Segundo Ramonet, o presidente americano “em certa medida também se apoiou em um movimento participativo da sociedade e tem um discurso centrado em valores”.
Ramonet ponderou, no entanto, que será “difícil” para Obama alcançar um consenso para acabar com o conflito no Oriente Médio.
– Por mais qualidades que tenha, é presidente de um país que exerce uma hegemonia de fato sobre o mundo – opinou.
E acrescentou:
– Obama prometeu sair da Guerra do Iraque de maneira responsável e dar mais importância ao Afeganistão, por ali se encontrar, segundo ele, o miolo do terrorismo, mas são frentes muito complicadas, sobretudo porque a questão é o conflito entre Israel e Palestina.