Diante do Salão Negrinho do Pastoreio no Palácio Piratini lotado, Ricardo Englert tomou posse ontem como o novo secretário de Estado da Fazenda. Cotado para o cargo após o anúncio da saída de Aod Cunha, ele vinha respondendo interinamente pelo posto desde o início da semana passada. Com a posse, fica aberta a vaga de secretário adjunto. Ainda não há definição sobre quem responderá pelo cargo, mas a expectativa é de que ainda nesta semana seja confirmado um quadro da própria Secretaria da Fazenda. Em um discurso emocionando, Englert precisou interromper a fala por várias vezes. Na cerimônia, acompanhado pela sua esposa e os dois filhos, ele garantiu que terá a peça orçamentária, montada pelo seu antecessor no cargo e aprovada pela Assembleia Legislativa, como uma bússola durante a gestão na Fazenda. "O que for acordado com os secretários e a governadora continuará rigorosamente a ser garantido pela Secretaria", complementou. Ele informou que a pasta tem um plano estratégico definido para 2009 para permitir que o Executivo estadual cumpra com a previsão de R$ 1,250 bilhão em investimentos. A base, segundo ele, passa pelo controle rigoroso das receitas das despesas do Estado. "Vamos continuar com o trabalho que estamos fazendo há dois anos. O equilíbrio financeiro das contas públicas permite que façamos os investimentos previstos para este ano. Conto com o apoio de todo o secretariado na manutenção desta conquista. Precisamos consolidar o ajuste como um valor, a fim de que seja a prova da troca de governo", enfatizou. Com a voz embargada, Englert também lembrou o período em que trabalhou ao lado de Aod Cunha. "Tenho orgulho de ter participado como parte da equipe da Fazenda de conquistas importantes do governo de Yeda Crusius". Entre elas, o novo secretário destacou a constituição das reservas para o pagamento de Fundos Previdenciários, o fortalecimento do Banrisul, a reestruturação da dívida do Estado através do empréstimo de US$ 1,1 bilhão em operação com o Banco Mundial, o pagamento dos fornecedores e do 13º salário do funcionalismo com recursos do Tesouro do Estado, a implementação dos reajustes da lei Britto e o início do pagamento dos precatórios. Durante um longo discurso, a governadora Yeda Crusius avaliou que em dois anos o Estado produziu mudanças irreversíveis. "A mentalidade inovadora proporciona um Rio Grande do Sul de responsabilidade fiscal, de déficit zerado e de compromisso com o investimento público", afirmou. Ao garantir que as metas fiscais continuarão a ser seguidas, a governadora assegurou também que não teme a volta do déficit público. "Quando a mentalidade evolui, não dá mais para voltar atrás", argumentou Yeda. Englert assume a Secretaria da Fazenda aos 55 anos. Esta é a segunda troca realizada no primeiro escalão do governo tucano desde o início do ano. Na semana passada, José Carlos Breda assumiu a Secretaria de Obras Públicas. Considerado um quadro técnico do Executivo gaúcho, Englert já atuou como secretário adjunto da pasta no período entre 1995 e 1998 - durante o governo de Antônio Britto. Natural de Porto Alegre, o novo secretário é formado em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Participou do Conselho de Implantação do Polo Petroquímico de Triunfo e iniciou sua atuação na área financeira no Banco de Desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Sul (Badesul), onde foi chefe do Departamento Financeiro. No Banrisul, foi técnico do Departamento de Investimento e Desenvolvimento, diretor de Administração e Gestão de Recursos de Terceiros e diretor comercial. Também foi diretor técnico da Junta de Coordenação Financeira do Estado e diretor-presidente da Caixa de Administração da Dívida Pública do Estado (Cadip). |