Não é hora de comprar avião
15/01/2009
Vem em péssima hora o anúncio da governadora Yeda Crusius de que o
governo gaúcho vai trocar o velho King Air B200 por um jato
intercontinental para facilitar suas viagens dentro e fora do Rio
Grande do Sul. O Estado mal conseguiu atingir o déficit zero, não
cumpre os percentuais de investimento previstos na Constituição para a
área de saúde, alega dificuldades para pagar o piso salarial do
magistério na forma como foi aprovado pelo Congresso, e a governadora
resolve comprar um avião.
Será que os líderes nacionais do PSDB,
que tanto criticaram o presidente Lula pela compra do Airbus apelidado
de Aerolula, não aconselharam a governadora a pensar melhor? O fato de
o PT estar impedido de criticar, porque Lula comprou um avião antes,
não torna mais palatável a decisão de Yeda.
Assim como o
Aerolula não é do presidente de plantão, mas do patrimônio da União, o
Aeroyeda (ou Air Yeda?) não será dela, mas do Estado do Rio Grande do
Sul. Facilitará a vida dos próximos governadores, é verdade, mas nem
por isso sua compra é defensável neste momento.
Yeda e seus
aliados dirão que, assim como para aumentar os salários do governador e
dos secretários não existe o momento adequado, é preciso “ter coragem”
de enfrentar o senso comum. A questão é outra: o Estado precisa de um
avião? Não vale a justificativa de que o governo de Santa Catarina tem
um jatinho supermoderno. Cada Estado com suas circunstâncias. A questão
é de prioridade.
Diante da crise que se avizinha, o bom senso
deveria convencer a governadora e seus conselheiros de que a
estabilidade ainda é frágil e que até as coisas melhorarem seria mais
conveniente usar avião de carreira ou, em caso de emergência, até usar
os serviços de táxi aéreo para ir a Brasília.
Aliás
A compra de um avião pelo Piratini tende a contaminar o debate sobre mudanças nos planos de carreira dos servidores públicos.
(Fonte: Rosane de Oliveira - Zero Hora)
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