Começar de novo
12/01/2009
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A partir de hoje, o governo gaúcho passa a operar sem o economista
que nos últimos dois anos foi o guardião do cofre: Aod Cunha entrega o
bastão para o colega Ricardo Englert, com quem está acostumado a
dividir tarefas. A era pós-Aod é repleta de desafios não só para
Englert como para toda a equipe da Fazenda, que deve ser mantida. O
maior deles é preservar o déficit zero, conquistado em 2008.
O
economista Marcelo Portugal, orientador da tese de doutorado de Aod
Cunha sobre ajuste fiscal, concluída em 2003, na Ufrgs, define nestas
frases a necessidade de continuidade do esforço de Aod pelo equilíbrio
das contas públicas:
– Um Estado com déficit zero é como um
obeso que consegue emagrecer. O primeiro esforço é perder peso. O
segundo é continuar magro.
A comparação com a dieta de um
ex-obeso faz sentido: no caso do Estado, qualquer descuido pode fazer
com que as contas se desequilibrem, até porque as mudanças – ao
contrário do que o governo apregoa – não são estruturais. Todas as
previsões indicam que a receita de impostos irá cair em consequência da
crise econômica. E vão crescer as pressões de servidores públicos por
aumentos salariais e de prefeitos, vereadores, deputados e cidadãos em
geral por mais e melhores serviços públicos.
Se de um lado
haverá pressão por aumento de gastos, de outro existe o compromisso com
o Banco Mundial de cumprir as metas acertadas na negociação do
empréstimo de US$ 1,1 bilhão. Entre elas, estão mudanças na educação,
na previdência dos servidores públicos e na gestão de instituições, que
devem ser repassadas para Oscips.
TRIO AFINADO
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disposição de Yeda Crusius de manter Mateus Bandeira (D) na Secretaria
do Planejamento e promover Ricardo Englert (D) a titular da Fazenda tem
lógica: como a saída de Aod Cunha (C) exige mexer num time que está
ganhando, o mais prudente é não inventar.
Como Fazenda e
Planejamento precisam trabalhar afinados para garantir a manutenção do
ajuste fiscal, uma troca de guarda poderia comprometer todo o esforço
dos últimos dois anos.
Yeda vai conversar com Englert hoje para formalizar o convite e falar o que espera do sucessor de Aod.
–
Preciso conversar com ele sobre essa nova fase do governo, que requer
da Secretaria da Fazenda novas rotinas. Com a crise vindo, a Fazenda
terá de compensar a receita que cair. A equipe da Fazenda deve estar
preparada para um esforço adicional – antecipou Yeda.
Aliás
Como trabalharam na operação que resultou no empréstimo de US$ 1,1
bilhão do Banco Mundial, Mateus Bandeira e Ricardo Englert serão agora
os xerifes das metas.
(Fonte: Rosane de Oliveira - Zero Hora)
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