Uma reforma para acolher os políticos
12/01/2009
Decidida a alterar secretariado, Yeda terá de superar desconfiança de aliados com Piratini Disposta
a prosseguir na reformulação de sua equipe, a governadora Yeda Crusius
já traçou uma diretriz para as mudanças, que deverão evoluir nesta
semana: mais políticos participarão do governo.
A temporada de
alterações no perfil do secretariado já começou. O ingresso do vereador
da Capital Elói Guimarães (PTB) na vaga de Maria Leonor Carpes, como
secretário da Administração, pode ser considerado um marco inicial para
o aumento dos políticos no governo.
Não que os técnicos estejam
tirando o sono da governadora: entre os nomes mais sólidos no
secretariado, eles são maioria. Mas, a cerca de um ano e meio da
campanha eleitorais que pode levar Yeda à reeleição, é inevitável que a
governadora tente fortalecer os laços com partidos aliados e com o
próprio PSDB. Utilizando o humor da base na Assembleia como parâmetro,
pode-se dizer que a governadora terá muito trabalho. Promessas não
cumpridas, nomeações de apadrinhados engavetadas na Casa Civil e falta
de diálogo trouxeram insatisfação geral nos partidos, conforme o líder
de bancada Alexandre Postal (PMDB):
– Se todos forem sinceros ao serem perguntados, todos vão dizer que sim.
Dentro
do próprio governo, há um consenso de que o sucesso do Piratini na área
econômica não tem equivalente nas relações políticas. Yeda saiu da
crise originada na Operação Rodin, que apurou desvio de pelo menos R$
40 milhões no Detran, indicando que privilegiaria o espaço de discussão
junto a aliados. Mas, com o passar dos meses, fóruns como o conselho
político mergulharam no descrédito.
– Pelo que sei, nas últimas
reuniões do conselho político, a própria governadora não tem ido.
Simplesmente não adianta ir porque não acontece nada – diz Postal.
Se
forem considerados primeiro escalão apenas os cargos de secretário, as
possibilidades de fazer mudanças tendem a ser reduzidas (veja quadro
nesta página). Além disso, as pastas onde as trocas parecem mais
prováveis esbarram no desinteresse dos partidos. No espectro da
governadora, porém, posições como secretário-adjunto ou diretor em
autarquias e empresas públicas entrarão na reforma. Yeda pretende mirar
em ex-prefeitos ou nomes importantes que estão sem mandato.
Outro
tentáculo da ampliação política sonhada pela governadora é o aumento da
bancada do PSDB na Assembleia. Para tanto, alguém do PPS precisaria ir
para o secretariado, abrindo espaço para suplentes tucanos.
Iradir
Pietroski (PTB), também líder de bancada, pondera que a estabilidade
financeira do Estado tende a acalmar os ânimos no parlamento.
–
Na Assembleia, cada um quer se reeleger ou disputar outro cargo. Se
aumenta a credibilidade do governo junto à população, automaticamente
ela aumenta entre os deputados – diz.
Por onde passa a reforma | OS HOMENS FORTES | >
Daniel Andrade (Infraestrutura e Logística) – Apesar do perfil técnico,
dificilmente sairia. Homem de confiança da governadora, é responsável
por muitos dos projetos de investimento do Piratini. | >
Erik Camarano (Secretaria-Geral) – Está entre os mais próximos da
governadora, assumiu a Secretaria-Geral para melhorar a comunicação do
Piratini, uma das preocupações de Yeda. | >
Fernando Schüler (Justiça e Desenvolvimento Social) – No governo desde
o princípio, Schüler está integrado ao projeto de credenciamento de
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips), que
foram um argumento importante na obtenção do empréstimo de US$ 1,1
bilhão do Banco Mundial. | >
Mateus Bandeira (Planejamento e Gestão) – Teve papel importante no
primeiro ano de governo ao atuar na Secretaria da Fazenda ao lado de
Aod Cunha. Chegou a ser cogitado para exercer outras funções antes de
ir para o Planejamento. | OS QUE DIFICILMENTE SAIRIAM | >
Mariza Abreu (Educação) – Depois de ter ameaçado na semana passada
deixar a pasta alegando falta de apoio às reformas que pretende
implantar em 2009, recebeu na sexta-feira carta-branca da governadora
para dar seguimento ao projeto. | >
Carlos Otaviano Brenner de Moraes (Transparência) – É sempre lembrado
em eventuais reformas de secretariado para assumir outras funções. | >
Edson Goularte (Segurança Pública) – Atua em uma área sensível e
dificilmente seria trocado por um político. Yeda teve problemas com um
dos antecessores da pasta, o deputado federal Enio Bacci (PDT). | > Márcio Biolchi (Desenvolvimento) – Agradou a Yeda no curto
período em que foi líder do governo na Assembleia. | > Osmar Terra (Saúde) – Está na secretaria desde a gestão de Germano Rigotto e é reconhecido na área em todo o país. | >
João Carlos Machado (Agricultura) – Foi recentemente elogiado pela
governadora. Como já é político (filiado ao PP e ex-prefeito de
Camaquã), estaria adequado ao perfil que a governadora quer implantar. | > Celso Bernardi (Relações Institucionais) – Dificilmente sairia já que é um dos principais nomes do PP. | >
Artur Lorentz (Ciência e Tecnologia) – Depois da saída de Pedro
Westphalen, a pasta ficou sob comando de um interino, mas Lorentz foi
nomeado por indicação do PP. | > Rogério Porto (Irrigação) – É um nome da cota da governadora. Ela criou a secretaria já pensando nele como o titular. | >
Mônica Leal (Cultura) – Nomeada na cota pessoal da governadora, ganhou
o aval do PP na metade de 2008. Quer sair em abril de 2010 para
concorrer à deputada estadual. | ONDE HÁ MARGEM PARA MUDANÇAS | >
Francisco Simões Pires (Meio Ambiente) – No cargo desde outubro, é um
técnico sem respaldo político. O deputado Berfran Rosado (PPS) chegou a
ser cogitado para a pasta. | >
José Heitor Gularte (Turismo) – Na pasta desde que o deputado Luis
Augusto Lara (PTB) saiu do governo, se enquadra mais no perfil técnico
que político. | > Marco Alba
(Habitação) – Deputado estadual pelo PMDB, maior bancada de situação na
Assembleia. Sua permanência vai depender do desenrolar das
investigações da Operação Solidária, do Ministério Público Federal,
sobre irregularidades em licitações na Região Metropolitana. | >
José Alberto Wenzel (Casa Civil) – Embora tenha recebido garantias de
que fica, o governo cogitou substituí-lo por Carlos Otaviano. Na
sexta-feira, Yeda elogiou seu desempenho e disse que quer mais
ex-prefeitos na equipe. | ONDE A MUDANÇA JÁ COMEÇOU | >
Ricardo Englert (Fazenda) – Deve ser confirmado hoje em definitivo no
cargo, com a saída de Aod Cunha. Apesar de ser um técnico da área de
finanças, ocupará cargo em uma área em que a governadora dificilmente
arriscaria manter alguém com perfil político. | >
Elói Guimarães (Administração) – Pode ser considerado o ponto de
partida para o novo perfil que Yeda quer implantar no Piratini.
Vereador em Porto Alegre, assumirá no lugar de Maria Leonor Carpes. | >
José Carlos Breda (Obras) – Foi confirmado na semana passada em
substituição a Coffy Rodrigues, que retornou à Assembleia. Entrou no
secretariado na cota do PSDB. |
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(Fonte: Zero Hora)
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