Coluna Rosane de Oliveira
09/01/2009
PÁGINA 10
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Pendurada por um fio
Não há mais clima no governo para a permanência da secretária Mariza Abreu na Educação. Atritada com a governadora, ela pediu demissão na terça-feira, ganhou uma sobrevida para que sua saída não coincidisse com a do secretário Aod Cunha, mas deve deixar a secretaria ainda hoje ou, no mais tardar, na segunda-feira.
Yeda não está disposta a fazer nenhum gesto para garantir a permanência de Mariza no cargo, simplesmente porque o ciclo dela no governo se esgotou. A amizade entre as duas, que segurou a secretária em outros momentos de crise, foi abalada no final de 2008 pelo estilo exageradamente franco da secretária, conhecida por não ter meias palavras.Ela também perdeu apoio entre os colegas.
Mariza cometeu um pecado mortal: chegou a usar a expressão “esse oba-oba de vocês” para se referir ao festejado déficit zero. Defensora aguerrida do ajuste fiscal, ela sempre reconheceu o mérito da conquista, mas alertou a governadora e os colegas para o risco de passar para a sociedade a ideia de que todos os problemas estão resolvidos e desencadear uma onda de pressões por aumentos.
Em conversas com integrantes do primeiro escalão, lembrou que os professores ameaçam entrar em greve no início do ano letivo, pleiteando reajuste de 24%.
Como a Assembleia tirou do governo o instrumento do corte do ponto, com o qual se pretendia inibir as paralisações, e ao mesmo tempo concedeu 33% de reajuste para os defensores públicos – com o aval do Palácio Piratini –, será difícil administrar uma possível greve do magistério. Yeda vetou o projeto, mas terá dificuldade para manter o veto, a menos que arranque na recomposição do secretariado um compromisso dos partidos de voltar atrás.
RETRATO NA PAREDE
O retrato da governadora Yeda Crusius, que já figura nos gabinetes de todos os secretários, vai decorar também as prefeituras do PSDB. A foto oficial foi entregue ontem, no encontro dos prefeitos tucanos, no Ritter Hotel.
Durante o primeiro ano de governo, Yeda recusou a sugestão do fotógrafo Jefferson Bernardes de posar para uma foto oficial.
Em 2008, durante da insistência do então comandante da Brigada Militar, coronel Paulo Mendes, que desejava ter um retrato da chefe na parede, Yeda enfim concordou em reeditar uma prática banida pelos últimos governadores.
Ao entregar o presente, a presidente estadual do partido, Zilá Breitenbach, disse que os prefeitos levariam a governadora para suas cidades. Durante o discurso, Yeda elogiou a deputada, dizendo que ela foi heroica ao conduzir a legenda “num período de caça aos tucanos”.
A queda iminente da secretária Mariza Abreu enfraquece o projeto do governo de alterar o plano de carreira do magistério, compromisso com o Banco Mundial, e fortalece o Cpers, com quem ela travou embates memoráveis nos dois primeiros anos de governo.
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Se depender da disposição de Yeda Crusius, Mariza Abreu será substituída na Educação por um nome de peso.
Elói na vaga de Maria Leonor
Mais uma mudança no secretariado estadual será confirmada a qualquer momento: o vereador Elói Guimarães substituirá a secretária da Administração, Maria Leonor Carpes.
Elói foi indicado pelo PTB à governadora Yeda Crusius. O partido combinou a troca com Maria Leonor, que é considerada uma técnica competente, mas sem peso político.
O vereador não quis participar do secretariado de José Fogaça porque tem expectativa de integrar o primeiro escalão do governo estadual.
Berfran deve ser secretário
Pós-graduado em Engenharia Ambiental, o deputado estadual Berfran Rosado (PPS) está no topo da lista dos cotados para integrar o secretariado de Yeda Crusius. Seu destino deve ser a Secretaria do Meio Ambiente.
Em 2007, ele tinha sido convidado para a pasta do Planejamento, mas desistiu de assumir quando o governo apresentou o projeto de aumento de ICMS. Votou contra.
Afinidade faz a diferença
Embora o deputado Berfran Rosado também seja cogitado para a Secretaria do Planejamento, o mais provável é que Yeda Crusius mantenha Mateus Bandeira no cargo.
Bandeira chegou a ser cotado para substituir Aod Cunha na Fazenda, mas a avaliação de membros do governo é de que ele vai muito bem no Planejamento e pode fazer uma dupla afinada com Ricardo Englert na Fazenda.
A sintonia entre os secretários da Fazenda e do Planejamento é considerada imprescindível para o sucesso do ajuste fiscal.
A quem julgar que Aod Cunha deixa o governo no melhor momento para evitar possíveis efeitos nocivos da crise mundial sobre o ajuste, um secretário comenta com ironia:
– Não sei se já chegamos ao melhor momento.
(Fonte: Zero Hora)
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