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A
saída surpreendente do economista Aod Cunha de Moraes Júnior da
Secretaria da Fazenda coloca em causa aquilo que foi considerado como o
grande trunfo da primeira metade do governo de Yeda Crusius: o projeto
de saneamento das contas do Estado. Homem que comandou a elaboração do
plano do governo e que foi responsável por sua execução na área fiscal,
Aod conquistou o reconhecimento do Estado pela firmeza com que levou
adiante um projeto que muitas vezes foi posto em dúvida, mas que, com a
ajuda de uma conjuntura econômica favorável, acabou resultando na
melhor das notícias nessa área dos últimos governos.
O nome e a
imagem do secretário demissionário estiveram – durante a campanha
eleitoral e nos dois primeiros anos da administração Yeda – amplamente
sintonizados com a definição das prioridades e com a estratégia para
encará-las. A situação fiscal, gargalo histórico no Estado, foi
enfrentada com decisão política e respaldo técnico. Além do controle
rigoroso dos gastos públicos, o governo empenhou-se em otimizar a
arrecadação. Assim, a receita cresceu mais de 30% em dois anos, muito
além do PIB do período. Com isso, o pagamento dos salários dos
servidores foi posto em dia, conseguiu-se um déficit zero na
administração do caixa e foi encaminhado um orçamento equilibrado para
2009. Já se pôde falar em promover o pagamento dos precatórios e, mais
importante ainda, em ampliar os recursos para investimentos. Essa
colheita de bons números e boas notícias foi conseguida por todo o
governo, graças a uma obstinada decisão política e administrativa da
governadora, que teve a participação decisiva e competente do
secretário Aod.
A
saída desse colaborador, qualquer que tenha sido a motivação,
representa uma perda para a administração. Por isso, é lamentável. O
governo Yeda, infelizmente, não tem sido capaz de manter a estabilidade
na equipe. Em dois anos, duas dezenas de secretários já foram
substituídos, ora com tranquilidade, ora com indícios de
desentendimentos ou crises. São muitas mudanças para um período tão
curto. Trata-se claramente de uma dificuldade deste governo, fato que
tem implicações inevitáveis para a normalidade da administração.
As
conquistas obtidas nesse período e em especial o déficit zero e o
orçamento realista não podem ser descontinuadas. A governadora, que é
alma desse processo e sua principal fiadora, já adiantou que com a
saída do secretário Aod não haverá mudança de rumo. De resto, o projeto
de um governo, marcadamente quando tem a importância reestruturadora do
que está em andamento, não pode ficar na dependência de apenas um
técnico ou de um administrador, por mais qualificado que seja. Ninguém
é insubstituível, como afirmou a governadora ontem. Por isso, o que o
Estado tem o direito de esperar é que, com o futuro secretário, o
ajuste fiscal e o projeto de qualificação administrativa continuem a
merecer a mesma atenção e igual empenho na sua execução.