Ninguém é insubstituível
08/01/2009
No ato em que anunciou a saída de Aod Cunha da Secretaria da
Fazenda, a governadora Yeda Crusius emitiu sinais de que está
preocupada com a interpretação de que o governo perdeu sua alma. Fez
questão de dizer que quer despessoalizar o plano de governo, que o
projeto é dela e que continuará porque a equipe é a mesma. Tratou a
saída de Aod como exportação do modelo gaúcho.
– Insubstituível
é só a propaganda do Daer – disse Yeda, referindo-se ao comercial que
mostra manequins em situações cotidianas, para ressaltar a falta que
faz para a família uma pessoa que morre em acidente de trânsito.
De
fato, uma pessoa só é insubstituível para a família, mas Aod vai fazer
muita falta ao governo, não só por seu envolvimento com o projeto de
Yeda, que começou antes da eleição, como pela sensatez nos momentos de
crise e pela sensibilidade política que demonstrou nos dois primeiros
anos de administração, conquistando o respeito da oposição.
Embora
estivesse perdendo o principal esteio do ajuste fiscal, Yeda aparentava
mais tranquilidade do que em outras trocas de secretário. A principal
explicação para a serenidade é o fato de a saída ter sido negociada
entre os dois e ocorrer em um momento de calmaria, sem crises no
horizonte.
É uma avaliação reducionista atribuir a saída de Aod
a uma eventual disputa de beleza entre ele e Yeda, mas o governo estava
ficando pequeno demais para os dois.
Diplomático, ao receber
elogios pelo sucesso do ajuste fiscal, Aod sempre fez questão de
dividir os louros com sua equipe, com os colegas e com a chefe,
lembrando que, sem a decisão política da governadora, teria sido
impossível impor os cortes que os secretários foram obrigados a
assimilar.
(Fonte: Rosane de Oliveira - Zero Hora)
|