O déficit de um governo
19/12/2008
Stela Farias
O exemplo da família que vende a casa, contrai empréstimo, deixa de comprar roupas e até de fazer o rancho e passa a comemorar o equilíbrio orçamentário doméstico já é conhecido. Infelizmente, o exemplo é muito explicativo sobre o que acontece em nosso Estado. Os três pilares da falácia do 'déficit zero' são a venda de patrimônio público, o endividamento do Estado e a precarização dos serviços públicos. A venda de patrimônio é uma receita antiga, que vem desde os tempos do governo Britto. A única diferença entre Britto e Yeda é que o primeiro colocava os recursos da privatização diretamente no caixa. Yeda colocou a maior parte da venda de ações do Banrisul num fundo de previdência transitório, que por oito anos – e não mais – paga aposentados, que antes eram pagos pelo caixa. O endividamento do Rio Grande do Sul fica evidente quando se verifica a situação financeira líquida ajustada do Estado, com R$ 5,7 bilhões em restos a pagar (que são as despesas comprometidas e não liquidadas) e em recursos vinculados não empenhados. Além disso, temos o empréstimo tomado junto ao Banco Mundial para reescalonamento da dívida e que deve tê-la reescalonado para cima, já que foi contraído em dólar, moeda que valorizou mais de 50%. Já a precarização fica evidente no descumprimento dos mínimos constitucionais para a saúde e a educação. Para quem acha que isso é só discurso, sugiro visitar a escola estadual localizada no bairro Estalagem, em Viamão, que está há mais de um mês sem banheiros, ou passear pelo centro de recuperação de adolescentes da Fase, que visitei no mês passado, onde 165 jovens convivem em um espaço que seria adequado para não mais do que 40 ou, ainda, observar a história de um servidor da Polícia Civil que contraiu leptospirose trabalhando nos arquivos do Deic. O equilíbrio das contas do Estado não pode ser apenas um instrumento de marketing. O que a realidade nos diz é que ainda há déficit demais e governo de menos. deputada estadual
(Fonte: Correio do Povo)
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