Armando Burd
26/02/2004
DEPUTADOS SE ESCALAM
Líderes de bancadas moveram-se dos gabinetes na Assembléia Legislativa, atravessaram a rua Duque de Caxias e foram ontem ao Palácio Piratini perguntar ao governador Germano Rigotto o que podem fazer diante dos cofres raspados. A visita da comitiva se dá com um ano de atraso. Se o Executivo usasse os óculos adequados para examinar a projeção dos números, em fevereiro de 2003, teria disparado o sinal de alerta, evitando que a situação financeira chegasse à extrema e constrangedora situação de agora. Resta aos deputados voarem a Brasília e engrossarem o coro lamentoso. Talvez seja conveniente seguir logo a Washington e apelar por piedade a credores que amarraram contratos do governo federal aos pagamentos dos estados.
TUDO CALCULADO
Se os deputados não tiverem êxito nas tratativas para ressarcimento das dívidas com o Estado, entrarão com ação judicial. A estratégia preservaria o Executivo de se expor em conflito com o Planalto.
A POSTOS
A bancada do PT está disposta a se integrar ao esforço da Assembléia. Só não foi ontem à audiência no Piratini por alegar que ficaria constrangida com as cobranças pelo não-repasse do governo federal.
DISTÂNCIA PREJUDICA
O governador Rigotto voltou a falar por telefone ontem à tarde com o presidente Lula e o ministro Antônio Palocci. Após o choro, nada resolvido. Uma saída seria o governador acampar na Esplanada dos Ministérios e anunciar que só sairia dali com dinheiro a que tem direito na mão. Ainda que a tecnologia permita ligações perfeitas, em Brasília sofrem de problemas auditivos, comprometendo a compreensão.
EFEITO LIMITADO
As ações judiciais para exigir o pagamento em dia são o recurso que os servidores públicos têm para forçar o governo do Estado. Mesmo com decisões favoráveis, a Secretaria da Fazenda comprovará que está sem dinheiro e elas deixarão de ser cumpridas. Então, voltará tudo à estaca zero. Situação constrangedora.
PREJUÍZO ADICIONAL
Servidores estaduais que têm empréstimos com desconto em folha entram no desespero. Apesar do parcelamento, instituições financeiras nem sonham em perdoar juros.
Fonte: Correio do Povo
Data: 26/02/2004
|
|