ZH: Bingueira nunca foi periciada pela Fazenda
03/05/2004
O órgão encarregado de fiscalizar o Toto Bola no Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual da Fazenda, nunca periciou as máquinas usadas no sorteio.
A informação é da própria secretaria e tem uma explicação simples: os técnicos da Fazenda não estão habilitados a auditar softwares de jogos como o Toto Bola. A perícia que determinará se os sorteios eram fraudados ou não será feita pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), da Secretaria da Justiça e da Segurança.
O material foi apreendido na quarta-feira em uma operação que envolveu policiais estaduais e federais. A ação foi embasada em nove mandados judiciais federais e quatro estaduais. No dia seguinte, a Secretaria da Fazenda suspendeu os sorteios do concurso até que a Polícia Civil conclua o inquérito a respeito de possíveis fraudes.
Os agentes lotéricos estão reembolsando clientes que já haviam adquirido cartelas compradas para o sorteio desta segunda-feira.
A Loteria do Estado do Rio Grande do Sul (Lotergs), entidade ligada à Secretaria da Fazenda e encarregada de fiscalizar jogos no Estado, enviava um fiscal toda semana aos sorteios realizados pelo Toto Bola, num estúdio da Avenida Vicente Monteggia, bairro Vila Nova, zona sul da Capital. Este fiscal era trocado toda semana, para garantir lisura ao processo.
Conforme a secretaria, o fiscal verifica as bolas e acompanha a sua evolução dentro da bingueira. Ele não tem capacitação técnica para examinar o software de computador e verificar se o equipamento está programado para sortear apenas determinadas bolas. Esta é a suspeita levantada por peritos criminais do Paraná, que levou à suspensão do jogo naquele Estado.
A empresa que administra o Toto Bola, a Kater, mantinha um fiscal durante os sorteios. Ele é ligado à Consulting Consultoria, que tem sede numa casa do bairro Partenon. O proprietário do Toto Bola, Mário Charles, admitiu em entrevista possuir apenas um contrato verbal com a Consulting - fato que será investigado pelo Ministério Público. Zero Hora tentou contato com a Consulting durante a semana. Esteve duas vezes no endereço da empresa e telefonou na quarta e na quinta-feira, sem obter resposta.
Perícia no material começa esta semana
O vice-diretor do Departamento de Criminalística do IGP, Horiz Rizzon, disse que deve receber nesta semana os computadores e a bingueira do Toto Bola apreendidos na quarta-feira. A partir daí, serão pelo menos 30 dias até concluir a perícia. O órgão disponibilizará cinco peritos em informática para analisar os computadores e dois engenheiros elétricos para fazer a inspeção na bingueira.
- Nosso trabalho tem uma complexidade bastante grande. Vamos verificar cada arquivo dentro dos computadores. Temos que abrir arquivo por arquivo em um processo artesanal, o que leva tempo - explicou Rizzon.
O IGP tem pouca experiência com máquinas de sorteio. Até hoje, apenas uma bingueira, apreendida em 2002, chegou às instalações do instituto. A perícia ainda não foi concluída.
Jogo na mira da polícia
Domingo - Reportagem do Fantástico, da Rede Globo, mostrou que a parte de cima das máquinas de sorteio é tapada. As bolas com códigos de barras permitiriam a programação prévia de determinados resultados. O governo do Paraná suspendeu o jogo naquele Estado.
Quarta - Na maior operação conjunta dos últimos tempos no Estado, policiais civis e militares munidos de mandados de Justiça apreenderam todo o material utilizado na realização dos sorteios em oito endereços de Porto Alegre
Quinta - Donos de lotéricas começaram a devolver o dinheiro das cartelas (R$ 1) compradas para a próxima semana
Sexta - A Loteria do Estado de Minas Gerais suspendeu o Toto Bola. O jogo só é mantido no Rio, onde as máquinas de sorteio têm modelo diferente
Fonte: Zero Hora
Data: 02/05/2004
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