Jornal Nacional: Informalidade devastadora
08/06/2004
Uma pesquisa divulgada hoje mostrou o efeito devastador da informalidade sobre a economia brasileira. Ela prejudica trabalhadores, empresas e faz o país crescer menos. Se apenas R$ 1 em cada R$ 5 produzidos de forma irregular se tornasse legal, a taxa de crescimento seria quase o dobro da atual.
07/06/2004
O empresário Horácio Halasz, fabricante de biquínis, paga caro para se manter na legalidade. Taxas, impostos, o registro dos funcionários levam R$ 60 mil por mês, 40% do faturamento.
"Eu optei por andar na legalidade, porque acho que essa é a forma sustentada de crescimento", diz ele.
Nem todos têm essa prática. A economia informal foi medida em um estudo divulgado em um seminário e o resultado é assustador.
Por ano, são vendidos ilegalmente 51 bilhões de cigarros, um terço do consumo; 2,8 bilhões de litros de refrigerantes, um quarto das vendas; metade do álcool combustível sai das bombas sem registro; 34% da carne vão para o mercado sem inspeção sanitária; 53% dos CDs são piratas; um terço dos medicamentos é feito em laboratórios com algum tipo de ilegalidade.
A difícil situação social do país e o desemprego criam um ambiente favorável ao crescimento da economia informal. Mas as causas determinantes, segundo especialistas no assunto, são a baixa capacidade do Estado brasileiro de obrigar as pessoas ou as empresas a cumprir a lei, a enorme carga de impostos e o excesso de burocracia.
"Nós queremos que a carga tributária possa ser reduzida pontualmente e imediatamente. É preciso haver simplificação da legislação trabalhista e aumento da punição para as empresas que sonegam, falsificam e contrabandeiam produtos, porque a impunidade é muito grande nesses setores", defende o presidente do Instituto Ética Concorrencial, Emerson Kapaz.
A taxa de informalidade da economia é de 40%, contra 9% nos Estados Unidos.
"À medida que o país está se tornando mais informalizado, que é o que está acontecendo com o Brasil, nossa economia está perdendo a oportunidade de ganhar competitividade", afirma o economista Alexandre Scheinckman.
Além de pouco produtivas, as empresas informais fazem concorrência desleal. "Prejudica e prejudica muito. Se nós diminuirmos a informalidade, o Brasil vai crescer muito mais rapidamente", observa o empresário Abílio Diniz.
Uma redução de 20% da ilegalidade faria a economia brasileira crescer até 6%, quase o dobro do previsto para este ano.
Fonte: Jornal Nacional / Rede Globo
Data: 07/06/2004
Horário: 20:30h
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