CP: Aumento de impostos estremece base aliada de Rigotto
31/03/2005
A base de sustentação do governador Germano Rigotto passou a externar divergências quanto aos rumos administrativos, deixando de ser firme e leal na defesa do Executivo. O projeto de aumento de impostos expôs de forma clara essa fragilidade e gerou reação de deputados que passaram a criticar abertamente as ações do Piratini, especialmente a partir de dezembro, quando Rigotto propôs a elevação do ICMS. As dificuldades mais visíveis entre os aliados do governo ocorrem nas bancadas do PP e do PSDB.
A oposição que vem sendo feita pelo deputado Vilson Covatti, do PP, nos últimos três meses reflete descontentamento e alerta para que haja mudanças. As ácidas críticas de Covatti, que tem subido sistematicamente à tribuna para questionar Rigotto, dividem o partido. Mesmo não concordando com o estilo, colegas de bancada reafirmam que não são ouvidos e defendem que o momento exige discussão séria sobre a relação. 'Quem ousa discordar vira radical, mas é preciso que alguém mostre que está havendo ineficiência e incapacidade para mudar o rumo. Aprendi que Rigotto só aceita posições contrárias sob pressão', disse Covatti. Acrescentou que as sugestões chegam, mas não se concretizam, refletindo a falta de voz e força dos aliados.
Segundo o deputado Jerônimo Goergen, do PP, há desarticulação e inoperância do Executivo. 'Desde o projeto de aumento do ICMS passei a defender a saída do governo, mas o partido definiu como prazo outubro', observou. Para Jerônimo, eventuais erros cometidos no Piratini impedem a sustentação política na Assembléia, criando o cenário atual, de uma base que não garante vitórias na aprovação de projetos, apesar de constituída por 39 dos 55 deputados. O líder da bancada do PP, Marco Peixoto, entende que falta sensibilidade do governo ao não valorizar sugestões apresentadas pelos partidos aliados. Afirmou que há ambiente para compatibilizar os dois lados, governo e base de sustentação: 'É hora de se fazer profunda reflexão para superar a crise', destacou.
No PSDB, o ponto crítico do relacionamento acontece fora das dependências do Palácio Piratini, o que acaba refletindo nas discussões e nas opiniões dos tucanos em plenário. 'Em algumas secretarias, os deputados da base são recebidos como se fossem da oposição', lamentou o líder da bancada, Ruy Pauletti. O problema ocorre, disse, devido ao perfil dos secretários e por disputas políticas. Pauletti ressaltou ainda que esses atritos internos repercutiram no comportamento do plenário, no caso do aumento de tributos.
PT faz atos contra o aumento do ICMS
O PT promove, a partir de hoje, série de manifestações contra o aumento do ICMS. Ao meio-dia, a bancada estadual faz distribuição de panfletos na Esquina Democrática, para mostrar os efeitos da elevação do imposto nos combustíveis, energia elétrica e telefonia. 'O tarifaço do governador Germano Rigotto atinge a todos os gaúchos. A sociedade vai amargar aumento de 20% em seus gastos com esses produtos, além de conseq¨ências mais fortes para a economia do Estado, como o desemprego que já vem atingindo as indústrias exportadoras', disse ontem o presidente estadual do PT, David Stival. Amanhã, os deputados e dirigentes partidários participarão de atos organizados em todo o Estado.
Fonte: Correio do Povo
Data: 31/03/05
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