CP: Consultorias vão a R$ 797 milhões
19/04/2005
Os gastos do governo do Estado com consultorias alcançaram, nos últimos 11 anos, R$ 797,8 milhões. Em 2004, totalizaram R$ 110 milhões. A Secretaria da Agricultura e Abastecimento representou o maior montante de gastos: R$ 649,11 milhões em todo o período. Os valores correspondem, na maior parte, aos repasses à Emater (R$ 617,55 milhões, de 1994 a 2004). Em segundo lugar nos gastos com consultorias, está a Secretaria da Coordenação e Planejamento, com total de R$ 26,44 milhões, de 1994 a 2004. Desse montante, R$ 17,73 milhões foram gastos com o gerenciamento do programa Pró-Guaíba.
Essas informações constam de levantamento do agente fiscal do Tesouro do Estado, Sergio Elsenbruch Filomena, para a revista Finanças em Linha, do Sindicato dos Auditores de Finanças Públicas do Rio Grande do Sul. Na avaliação de Filomena, apesar de o Estado gastar com serviços de consultorias, não apresenta qualificação nos métodos gerenciais, tecnologias ou prestação de serviços. Ele enfatizou neste sábado que todas as secretarias vêm se utilizando de consultorias nos últimos dez anos, em maior ou menor escala. 'Como não há resultados significativos, questiono até que ponto os gastos são válidos', disse. Segundo ele, as soluções são entregues ao governo quando metade do mandato já transcorreu e não há mais tempo de pôr as mudanças em prática. 'A alternância de funcionários contribui para que muito do trabalho realizado se perca a cada troca de governo', salientou.
O baixo investimento na atualização dos servidores faz com que, muitas vezes, eles não estejam preparados para lidar com inovações, afirmou Filomena. 'Em certas ocasiões, as consultorias se deparam com quadro envelhecido, com baixo nível de investimento e dificuldades de assimilar coisas novas', disse. Ressaltou que, sem servidores qualificados, a possibilidade de o serviço público melhorar é quase nula. 'O Estado deveria investir no corpo permanente, pois é quem retém a história dos órgãos', destacou. Filomena apontou como indispensável para a obtenção de avanços na gestão pública um sistema de avaliação de resultados. 'Quando o Estado investe valores, precisa buscar medidas de resultado. O trabalho não pode acabar em relatório', enfatizou. Segundo ele, ao invés de o governo contratar consultorias com experiência na iniciativa privada, deveria analisar a forma com que outros países lidam com as finanças públicas. 'Nem tudo o que serve para a iniciativa privada serve para o Estado', observou o especialista.
Fonte: Correio do Povo
Data: 18/04/05
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