ZH: Puxão de orelhas com elegância
03/05/2005
Michelucci critica aumento de gastos de pessoal de poderes
Números falaram mais que palavras ontem, durante a exposição do secretário da Fazenda, Paulo Michelucci, na subcomissão criada pela Assembléia Legislativa para debater a crise financeira do Estado.
Diplomático, ele não criticou diretamente os gastos com pessoal do Judiciário e do Ministério Público, mas usou uma tabela sobre o comportamento da despesa com servidores para insinuar que magistrados e promotores não estão solidários com o esforço de austeridade do Piratini.
Os números da Secretaria da Fazenda indicaram que o gasto total com pessoal caiu de 76,6% da receita, em 1995, para 70,4% em 2004. Em 1999, o percentual atingiu o ponto mais crítico: 83,2%. Segundo Michelucci, o recuo para o patamar atual significa uma economia anual de R$ 1,2 bilhão. Enquanto a relação no Executivo caiu de 62,9% para 54,9%, Judiciário e Ministério Público fizeram o índice subir de 7,9% para 9,3% e 3,6% para 3,4%, respectivamente.
Apenas três deputados assistiram a depoimento
Nem mesmo na entrevista coletiva que se seguiu à apresentação Michelucci criticou explicitamente os outros poderes. O secretário não antecipou se os valores poderiam influenciar na decisão do governador Germano Rigotto de vetar ou não o aumento de 8,69% aprovado para Judiciário, Assembléia Legislativa, Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado.
- O governador tomará uma decisão sem agredir, mas também sem capitular no caso de desagradar a algumas pessoas - afirmou, enigmático.
O festival de números de Michelucci durou três horas e 15 minutos. O secretário repetiu o que ele e Rigotto repisam sempre que convocados a falar das causas da crise: os prejuízos com a falta de ressarcimento pelas perdas com a desoneração das exportações (de R$ 1,5 bilhão em 2004) e o percentual de comprometimento com o contrato da dívida com a União.
O quórum de parlamentares foi reduzido. Apenas os deputados Vieira da Cunha (PDT), Jair Soares (PP) e Estilac Xavier (PT) permaneceram na sala. Estilac cumpriu o papel de oposição ao questionar critérios dos cálculos apresentados. No final, anunciou o apoio do PT a um possível veto ao reajuste.
Fonte: Zero Hora
Data: 03/05/05
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