Rosane de Oliveira: Primeiro teste
04/04/2006
Saída honrosa
Com a aprovação do reajuste de 8,57% para o magistério, não há perspectiva de nova proposta salarial nos próximos seis meses. É tempo demais para manter uma greve que dividiu o magistério e tem apoio escasso na sociedade. Interessados em resolver o impasse, o governo e os líderes do Cpers buscam agora uma saída honrosa que permita convocar nova assembléia sem desmoralizar os dirigentes.
A saída viria pelo atendimento de reivindicações não-salariais dos professores. Promoções, por exemplo. No início da tarde de hoje, o chefe da Casa Civil, Paulo Michelucci, deve conversar com deputados do governo e da oposição para discutir uma saída para o impasse. Dependendo dessa conversa, hoje mesmo ou amanhã Michelucci e a secretária da Educação, Nelsi Müller, recebem o comando de greve para conversar.
Parte da responsabilidade pelo impasse é do comportamento errático do governo. Começou no início de março, com aquela bravata de que não receberia o comando de greve porque não poderia apresentar uma proposta antes de maio. Acabou sendo forçado a negociar e só então descobriu que não poderia aprovar aumento nos 180 dias anteriores à eleição.
Depois de ter dito e reafirmado que 8,06% em quatro parcelas era a última proposta, o governo cedeu de novo e elevou a oferta para 8,57% em cinco vezes. Esses sinais contraditórios levaram os líderes do Cpers a imaginar que os negociadores estavam blefando. Resultado: a assembléia aprovou a manutenção da greve horas antes de o Legislativo aprovar o reajuste.
Primeiro teste
No primeiro dia como chefe da Casa Civil, o secretário Paulo Michelucci só saiu da Assembléia Legislativa depois de ver aprovados os projetos de reajuste do magistério e dos demais servidores.
Na maratona de conversas, tentou - sem sucesso - convencer os deputados do PT de que era impossível melhorar a proposta feita ao magistério.
Cauteloso, Michelucci não quis definir a aprovação dos projetos como vitória.
- Nesse tipo de embate não tem vencido nem vencedor. Fomos até o limite das nossas possibilidades, a Assembléia entendeu isso e aprovou os projetos e criou as condições para o fim da greve. O governo fez a sua parte.
Diante da resistência dos professores e da oposição em aceitar o índice de 8,57%, Michelucci lembrou que ele equivale a duas vezes a inflação projetada para o ano e é superior ao obtido pela maioria dos trabalhadores da iniciativa privada.
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