Rigotto rebate críticas de guru da gestão
22/06/2006
À frente de consultoria avalizada pelo Piratini, Vicente Falconi apontou "falta de fé, dedicação e vontade" do governo do Estado na busca de metas fiscais sugeridas em 16 meses de trabalho
Num desabafo diante de jornalistas reunidos no Galpão Crioulo do Palácio Piratini, na manhã de ontem, o governador Germano Rigotto criticou o diagnóstico do consultor Vicente Falconi, do Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG), de que teria faltado "fé, dedicação e vontade" do governo para atingir metas fiscais propostas pela instituição.
A avaliação de Falconi, que esteve na segunda-feira em Porto Alegre a convite do Pacto pelo Rio Grande, foi feita em entrevista publicada na terça-feira por Zero Hora. Responsável por um choque gerencial em Minas Gerais, patrocinado pelo governador Aécio Neves (PSDB), o consultor monitora as contas gaúchas desde fevereiro de 2005.
- Achei (a avaliação de Falconi) extemporânea, de alguém que recebeu informações erradas e não participou de nenhuma das reuniões. Acho que ele recebeu de seus técnicos informações distorcidas - disse Rigotto.
Em resposta à afirmação de Falconi de que o problema do Estado é "liderança fraca", Rigotto garantiu que se empenhou pessoalmente para que o trabalho da consultoria surtisse efeito.
- Sabem quantas reuniões eu comandei com os técnicos do INDG e com os meus secretários? No mínimo, cinco reuniões. Com determinação: "olha, não tem disputa de beleza nesse processo, nós temos é de ter resultado na despesa e na receita, as metas estabelecidas eu espero que todas sejam cumpridas" - afirmou.
Governador comemorou superávit primário recorde
O governador se declarou surpreendido pela afirmação de Falconi de que os cortes de despesa feitos pelo Piratini - segundo o consultor, de cerca de R$ 49 milhões até fevereiro deste ano, para uma meta ajustada de R$ 130 milhões até julho - foram parciais:
- Na última reunião que fiz, sabem onde foi o elogio? No trabalho da despesa.
Rigotto insinuou que haveria motivação eleitoral nas críticas:
- Eu tenho um ano eleitoral. Talvez uma questão como essa tenha a ver com ano eleitoral.
Rigotto comemorou o superávit primário (receitas menos despesas do Estado, desconsiderado o pagamento de juros da dívida pública) de 2005, de R$ 688,3 milhões, o maior em 30 anos. Também ressaltou o aumento da receita de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
A polêmica
Veja as críticas do consultor Vicente Falconi na segunda-feira e as respostas do governo do Estado
Vicente Falconi
"Faltaram fé, dedicação e vontade de conduzir o projeto. Muitos dos planos de ação não foram executados. Se você tem um chefe de departamento que não executa ações, não acontece nada. Estão fazendo 50% do que poderia ser feito."
"O problema é a liderança fraca. O Estado como um todo deve sinalizar que há um desejo forte. Governador e secretários devem atuar muito fortemente".
"Os líderes do Estado devem mostrar que querem que as coisas aconteçam, participar das reuniões e cobrar os funcionários".
"Em alguns lugares, as mudanças ocorrem mais rápido. Em Minas Gerais, a vantagem é que o governador Aécio Neves (PSDB) se comprometeu antes de ser eleito. A situação era muito pior do que no Rio Grande do Sul. Em um ano e meio, conseguimos o equilíbrio fiscal porque houve vontade e decisão".
A resposta do governo
O consultor não participou do dia-a-dia dos funcionários da Fazenda para avaliar o esforço feito. Como o trabalho será concluído em julho, as metas ainda podem ser alcançadas. O trabalho não contempla a solução de problemas estruturais.
O consultor está desinformado e não conhece a realidade gaúcha. O governador Germano Rigotto participou de, no mínimo, cinco reuniões com técnicos do INDG. Falconi não fez nenhuma reunião com o então secretário da Fazenda, Paulo Michelucci, que deixou a secretaria em março para assumir a Casa Civil.
Minas Gerais compromete 13% da receita com pagamento de dívida, e o Estado, 18%. O problema previdenciário é mais complicado do que o mineiro. Hoje, 52% da despesa total de pessoal do Estado é previdenciária. O trabalho em Minas começou na posse de Aécio. Aqui, o instituto passou a trabalhar em 2005.
Fonte: Zero Hora
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