Entrevista: Olívio Dutra
15/10/2006
"É na ida e na volta que a vida nos educa"
Se for eleito governador no dia 29, Olívio Dutra retomará em 1º de janeiro um projeto interrompido com a vitória da Germano Rigotto em 2002. De seu primeiro governo, levará propostas como o Plano de Incentivo ao Crescimento, que não conseguiu aprovar na Assembléia, parte da equipe com a qual governou e as lições aprendidas naqueles quatro anos para reduzir os conflitos.
- A vida nos ensinou também a sermos pacientes sem sermos condescendentes - disse Olívio em entrevista concedida a cinco editores de Zero Hora na tarde de quarta-feira, na sede do PT, na Rua Ramiro Barcelos, transformada em comitê.
De camisa amarela com as mangas arregaçadas, suando por causa do calor na sala sem ar-condicionado, o candidato conversou com Zero Hora durante 70 minutos.
Olívio recebeu os jornalistas em uma sala decorada com sofás antigos, uma escrivaninha, uma mesa de reuniões e um armário com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, a maquete de uma casa popular e troféus como o Líderes e Vencedores, recebido em 1998.
Ao longo da conversa, consultou as fichas vermelhas que contêm comparações entre as realizações de sua gestão e a de Germano Rigotto, o que o governo do presidente Lula fez naquela área e uma síntese das suas propostas.
A seguir, trechos da entrevista do petista:
Zero Hora - Que critérios o senhor vai usar para a montagem do seu secretariado? Será mais político ou mais técnico?
Olívio Dutra - Quero definir com base em uma sintonia fina com nosso projeto de desenvolvimento com justiça social, inclusão social e protagonismo. A equipe tem de ter isso no coração e na consciência. E não precisam ser integrantes dos nossos partidos da Frente Popular.
ZH - O senhor admite convidar pessoas de partidos que não estão integrados à campanha?
Olívio - Se tivermos pessoas com a idéia do respeito e da provocação permanente à cidadania, participação consciente das pessoas e respeito à coisa pública, evidentemente.
ZH - Poderá usar pessoas que foram de seu primeiro governo?
Olívio - Poderei, mas não necessariamente.
ZH - Como o senhor vê a possibilidade de atrair empresas para o Estado com o Fundopem e outros programas?
Olívio - Queremos um desenvolvimento desconcentrado, descentralizado, que valorize as vocações locais regionais, que as integre e as articule para que a gente vá reduzindo os desequilíbrios regionais. Que torne mais parelho e mais espraiado o desenvolvimento do Estado.
ZH - No seu governo, houve a ida da Ford para a Bahia.
Olívio - Foi um caso evidente de guerra fiscal. Fizemos de tudo para a Ford ficar. Evidentemente ela não podia ficar nos termos propostos porque o Estado não tinha condições e ela já vinha descumprindo parte do acordo com o governo anterior. E também se atravessou o governo federal, com a bancada oposicionista daqui, e aprovou uma medida provisória incluindo uma vantagem maior para a Ford ir para a Bahia. Quem votou nisso votou contra o Rio Grande. Também trabalhamos com a GM e com a Dell e conseguimos manter esses empreendimentos aqui com menor custo.
ZH - Quando o senhor vê a Ford na Bahia, hoje, se arrepende da decisão?
Olívio - Como vou me arrepender de uma decisão de não passar recursos escassos dos cofres públicos a quem menos precisa? E como vou me arrepender da forma como trabalhamos até o último momento para o empreendimento ficar aqui?
ZH - O senhor vai oferecer algum tipo de renúncia fiscal?
Olívio - O Fundopem já é um instrumento. E queremos atrair investimentos com menor custo para os cofres públicos e a maior sintonia com os sistemas locais de produção.
* Participaram desta entrevista os editores de Zero Hora Altair Nobre, Luiz Antônio Araujo, Marcelo Ermel da Silva, Maria Isabel Hammes e Rosane de Oliveira
Fonte: Zero Hora
15-10-06
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