Yeda abre negociação com poderes
13/11/2006
Governadora se reuniu pela primeira vez com os chefes do Judiciário e do Ministério Público a fim de negociar uma saída para o impasse criado pelo desequilíbrio das contas
Uma reunião a portas fechadas, em local neutro - a casa do senador Sérgio Zambiasi (PTB), no Morro Santa Tereza, na Capital -, abriu oficialmente na tarde de ontem o diálogo entre os poderes do Estado sobre cortes no Orçamento de 2007. Patrocinadora do encontro, a governadora eleita Yeda Crusius reuniu-se pela primeira vez com o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Marco Antônio Barbosa Leal, e o procurador-geral de Justiça, Roberto Bandeira Pereira. Na conversa, que se iniciou às 18h15min e durou uma hora e 35 minutos, numa sala térrea da casa, a tucana apresentou aos representantes do Judiciário e do Ministério Público as dificuldades para administrar as finanças do Estado no próximo ano. O encontro foi intercalado por gentilezas e risadas, conforme relatou um assessor. Embora nenhum dos três tenha dado detalhes das negociações, o saldo foi considerado positivo.
- Vamos continuar dialogando. O tribunal sempre esteve disposto a adequar-se à realidade do Estado. Não temos nada definitivo - sustentou Leal.
Presença de repórteres quase levou à suspensão de reunião
Na sexta-feira, o presidente do TJ havia declarado que não negociaria a correção de 3,8% nas despesas do Judiciário previstas em projeto de Orçamento enviado pelo governador Germano Rigotto à Assembléia Legislativa. O Pacto pelo Rio Grande, iniciativa da Assembléia para buscar soluções para a crise financeira do Estado, havia proposto em julho um reajuste de 3% para todos os poderes. À noite, o juiz Túlio de Oliveira Martins, chefe do Conselho de Comunicação Social do Tribunal de Justiça e porta-voz do Judiciário, deixou pouca margem para revisão dos percentuais:
- Os 3,8% já são o ponto de equilíbrio. É o terceiro acordo que o Judiciário faz, ajustado inclusive com o governador Germano Rigotto.
Yeda demonstrou otimismo:
- Sempre achei possível a negociação resultar no que é melhor para a sociedade. Os poderes são conhecidos como responsáveis para o melhor resultado coletivo.
O procurador-geral afirmou ter valido a pena conversar de maneira informal com a governadora eleita:
- Foi uma oportunidade ímpar, extremamente harmônica, uma conversa excepcional.
Leal e Bandeira foram os primeiros a chegar, juntos, às 18h. Para escapar de perguntas dos repórteres, Leal evitou cumprimentar Zambiasi na chegada e apressou-se a entrar na residência. Quinze minutos depois, Yeda chegou em seu carro Ibiza prata, dirigido pelo marido, Carlos Crusius. A presença da imprensa em frente à residência quase provocou o cancelamento do encontro. Zambiasi, Crusius e assessores de Yeda e do PTB permaneceram a maior parte do tempo em outro ambiente, no subsolo.
- Vim aqui para vocês verem que não estou acompanhando a conversa - disse o senador numa saída até o portão da casa.
A agenda de Yeda hoje
11h
> Reúne-se com deputados do PTB, na sede estadual do partido. Aliado do PMDB no primeiro turno, o PTB foi, juntamente com o PP, um aliado fundamental do PSDB de Yeda no segundo turno da eleição para governador.
14h30min
> Encontra a bancada do PP, na sede estadual do partido.
16h
> Reúne-se com a defensora pública geral do Estado, Maria de Fátima Záchia Paludo.
17h
> Participa de encontro com deputados do PMDB, no Hotel Everest. O partido, que lançou governador Germano Rigotto à reeleição no primeiro turno, decidiu integrar o governo Yeda.
Equipe traça plano para cortar gastos
A equipe econômica do governo federal já sabe como frear gastos de custeio e pessoal a fim de deslocar recursos para investimentos públicos que garantam o crescimento sustentado da economia. A idéia é incluir um limite para essas despesas em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2008. A proposta que ganha força é criar uma trava que impeça o crescimento dos gastos correntes acima da variação real do PIB. Os técnicos consideram que não há espaço no Orçamento de 2007 para implementar um controle. Chegou-se a pensar em introduzir um redutor de 0,1 ponto percentual do PIB nas despesas correntes em relação aos gastos de 2006. A proposta foi incluída no projeto de LDO pelo governo, mas deverá ser derrubada na votação da lei no Congresso. O novo modelo de contenção dos gastos em relação ao PIB é considerado mais fácil de executar - e teria efeitos práticos semelhantes na administração do gasto corrente, objetivo final do governo. A equipe econômica está trabalhando em tempo integral para finalizar um conjunto de propostas na área fiscal e tributária que viabilizem a meta de crescimento da economia de 5% ao ano no próximo mandato de Lula. O presidente pretende anunciar as medidas ainda em dezembro.
Zero Hora - Porto Alegre/RS
|
|